Spade e Marlowe inspirados em um detetive real?

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ARTE vs REALIDADE – A literatura policial norte-americana, popularmente cunhada como literatura noir (negra, em francês), brilhou na década de 1930 reformulando conceitos e revelando personagens que marcam até hoje o universo da ficção. Os ícones dessa modalidade narrativa, que se distanciou da fórmula clássica dos quebra-cabeças e whodunnits ingleses, ansiava em expor as mazelas da sociedade entreguerras nas páginas das revistas especializadas da época. Muitos nomes marcaram o “movimento” noir nos Estados Unidos, como Ross MacDonald, Sue Grafton, James M. Cain e Cornell Woolrich, mas dois em especial são lembrados e amados até hoje: Dashiell Hammett e Raymond Chandler.

Apesar de muito já ter sido dito sobre Hammett e Chandler, este mês surgiu uma informação que pode vir a se confirmar como autêntica e nova. Segundo matéria publicada no jornal Los Angeles Times, seus personagens mais famosos, os detetives Sam Spade e Philip Marlowe, podem ter sido inspirados em um detetive da vida real.
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NA VIDA NADA SE CRIA, TUDO SE…

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Samuel Marlowe, a possível inspiração para os detetives Sam Spade e Philip Marlowe

Sam Spade, ícone da literatura noir criado por Hammett em 1930, e Philip Marlowe, personagem de Chandler que surgiu em 1939 no livro O Sono Eterno, podem ter sido influenciados diretamente por um homem conhecido como Samuel Marlowe, o primeiro detetive particular licenciado negro de Los Angeles.

A afirmação foi feita por Louise Ransil, uma ex-executiva dos estúdios de cinema Orion Pictures e New Line Cinema, que está trabalhando em um filme sobre a vida dele. Ransil afirma que Samuel Marlowe foi um detetive originário da Jamaica, que atuava principalmente na região de Hollywood na década de 1930. Seus clientes típicos eram nomes como Clark Gable, Jean Harlow (musa do cinema nos anos 30) e Howard Hughes (produtor, diretor, aviador e homem riquíssimo da sua época, vivido no cinema por Leonardo di Caprio no filme O Aviador), só gente famosa e conhecida do meio cinematográfico na cidade.

Samuel Marlowe teria nascido em Montego Bay, na Jamaica, em 03 de agosto de 1890. Segundo consta, atuou na Primeira Guerra Mundial em uma brigada da Força Expedicionária Britânica na juventude e, após a guerra, imigrou para os Estados Unidos, onde tornou-se detetive particular. O departamento responsável por emitir licenças para investigadores particulares nos Estados Unidos diz que não há registros de Marlowe nos arquivos, mas um porta-voz da agência lembrou que geralmente os arquivos mais velhos podem estar incompletos ou em falta. Samuel Marlowe morreu em 15 de julho de 1991, aos 101 anos.
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Raymond Chandler e Dashiell Hammett foram os principais expoentes da literatura noir nas décadas de 1930 e 1940

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Ransil aponta que Samuel e os autores se conheceram por intermédio das histórias de detetive publicadas por Hammett e Chandler em revistas especializadas, como a pulp Black Mask, e que a partir daí começaram a trocar correspondência sobre as incorreções que ele percebia nos contos dos escritores. O problema, ao menos para a ex-executiva, é que os arquivos que provavam as atividades de Samuel estavam guardados com o filho dele, que morreu em 2006. Desde então, estes arquivos desapareceram.

Dessa forma, não sobrou nenhuma carta desses contatos preciosos pra contar história, e assim ficou difícil provar a relação cultivada pelas três figuras do crime. Mas amigos da família garantem, as cartas eram reais. “Muitas foram escritas a mão, cartas entre Marlowe e os autores. Ele manteve um bom arquivo delas”, garante Antoine Durousseau, bisneto do detetive pioneiro.

E aí, o que você acha?
Quer ler a história na íntegra?
Acesse a belíssima matéria do Los Angeles Times no site do jornal (em inglês)

(Imagens: LA Times, Wikipedia, lentmag.com)

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