Escuridão total sem estrelas, de Stephen King

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Por Rodrigo Padrini – Lembra daquela vez que você encontrou um sujeito estranho numa barraquinha de beira de estrada e comprou na mão dele mais cinco anos de vida? Não? E aquele dia que você descobriu, após trinta anos de casados, que o seu marido (ou sua esposa) tinha como hobby torturar e assassinar mocinhas (ou mocinhos) do interior? Bom, talvez isso não aconteça com todo mundo.

Nunca fui um grande fã de livros e filmes de terror ou suspense, pelo menos até conhecer a minha noiva, que me carregou para o mundo dos filmes ‘de tomar susto’. Desde então, uma vez ou outra, confesso que uma história bizarra aqui ou ali faz bem para o coração. Só não vejo filmes de extraterrestres, eles me dão calafrios e me fazem dormir com a luz acesa.

Escuridão total sem estrelas (Editora Suma, 2015) é um livro de contos de Stephen King, escritor americano famoso por seus clássicos de horror e ficção, e provavelmente, conhecido por todos os fãs de cinema ou literatura. Com uma bela edição – capa preta e borda das páginas também preta -, o título é cativante e garante bons momentos de leitura.

São quatro contos. O primeiro, ‘1922’, ocupa quase metade do livro e me lembrou Crime e Castigo, de Dostoiévski, guardadas às devidas proporções. É um relato surreal de um assassinato em um ambiente rural isolado, no qual o agricultor Wilfred nos dá um exemplo de como certos caminhos podem nos levar ao fundo do poço. Literalmente. O segundo, ‘Gigante do Volante’, é também um conto mais extenso e envolve estupro, violência, vingança e loucura. O melhor, na minha opinião.

 

“Streeter sorria, estava se divertindo. Ele teria dito que se divertir era algoimpossível nos últimos tempos, mas a vida era cheia de surpresas”

 

Os contos restantes, ‘Extensão Justa’ e ‘Um bom casamento’, são curtos e divertidos. Sim, divertidos. Stephen King escreve de forma excepcional e tem um humor ácido que deixa até a pior bizarrice ironicamente engraçada. Talvez, estes últimos dois contos sejam mais próximos de nossa realidade. Podem acontecer com qualquer um. Como diriam os entusiastas do clássico filme “Forrest Gump”, merdas acontecem (shit happens). O que torna tudo mais interessante é a forma como reagimos a elas.

Um detalhe que para mim tornou o livro ainda mais interessante é o posfácio escrito pelo autor. Em poucas páginas, King comenta sua inspiração para cada conto, o que tinha em mente, o que procurava explorar com cada história e que elemento acionou a sua criatividade naquele rumo. Mas não vá direto ao posfácio antes de ler os contos, ou vai estragar tudo.

E você, já leu? Comente suas impressões sobre mais essa obra do mestre do horror.
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SOBRE O LIVRO

Título: Escuridão total sem estrelas
Autor: Stephen King
Tradução: Viviane Diniz
Páginas: 392
Editora: Suma
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SINOPSE – Na ausência da luz, o mundo assume formas sombrias, distorcidas, tenebrosas. Em Escuridão total sem estrelas os crimes parecem inevitáveis; as punições, insuportáveis; as cumplicidades, misteriosas. Em 1922, o agricultor Wilfred e o filho, Hank, precisam decidir do que é mais fácil abrir mão: das terras da família ou da esposa e mãe. No conto Gigante do volante, após ser estuprada por um estranho e deixada à beira da morte, Tess, uma autora de livros de mistério, elabora uma vingança que vai deixá-la cara a cara com um lado desconhecido de si mesma. Já em Extensão justa, Dave Streeter tem um câncer terminal e faz um pacto com um estranho vendedor. Mas será que para salvar a própria vida vale a pena destruir a de outra pessoa? E, em Um bom casamento, uma caixa na garagem pode dizer mais a Darcy Anderson sobre seu marido do que os vinte anos que eles passaram juntos. Os personagens dos quatro contos de Stephen King passam por momentos de escuridão total, quando não existe nada – bom senso, piedade, justiça ou estrelas – para guiá-los. Suas histórias representam o modo como lidamos com o mundo e como o mundo lida conosco. São narrativas fortes e, cada uma a seu modo, profundamente chocantes.

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6 comentários em “Escuridão total sem estrelas, de Stephen King”

    1. Obrigado Gislaine. O primeiro livro que li do Stephen King foi o Sobre a Escrita, e fiquei muito curioso por conhecer os títulos. Comecei por este e não me arrependi. São quatro contos sensacionais. Abraços!

  1. Bom dia, eu vi o filme 1922, e eu sou muito curiosa, e fiquei pensando de madrugada “será que esse crime aconteceu de verdade?”, de manhã cedo fui pesquisar sobre o filme, e descobrir que é a reprodução de um dos contos de Escuridão total sem estrelas, de Stephen King, (o que não foi muito difícil de encontrar :D), pesquisei sobre a real história no YouTube e só achei críticas e resumos sobre o filme, pesquisei entrevistas com o autor sobre esse conto e só achei resumos desse mesmo tipo, (bom, deve ter alguma entrevista, mas como estou em tempos de prova, está meio corrido :D), pesquisei sobre crimes que aconteceram no ano de 1922 e encontrei um que me chamou atenção “O CRIME DA FAZENDA DE HINTERKAIFECK”, que aconteceu na Alemanha, no ano de 1922, onde uma família de 6 pessoas foram mortas, mais a empregada, achei o crime semelhante ao conto de 1922, pois é no mesmo ano, uma família é morta, em um certo momento a casa parece estar assombrada, e o crime até hoje está sem solução, então queria sua opinião dono do site, você acha que tem inspiração? você acha que Stephen King se inspirou nesse crime? Queria conseguir dormir essa noite kkkkk (detalhe não li o livro, só vi o filme)

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