A Guerra dos Mundos, de HG Wells

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Clássico da ficção científica, A Guerra dos Mundos começou a ser publicado em capítulos em 1897, na revista inglesa Pearson’s Magazine. Escrita por HG Wells, a história é sobre a invasão da Terra por marcianos inteligentes, que chegam no planeta preparados para destruir a raça humana.

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Um dos aspectos que tornaram esse livro simbólico foi o fato de HG Wells ter usado o gênero da ficção científica, com todos os elementos lúdicos que ele proporciona, para fazer uma crítica à sociedade vitoriana da época. No livro, os marcianos desembarcam nos arredores de Londres em cilindros metálicos que são inicialmente confundidos com meteoros. Não leva muito tempo para as pessoas descobrirem que dentro destes cilindros há seres alienígenas extremamente hostis e coordenados.

Descritos pelo autor como se tivessem a pele similar à couro molhado, os marcianos locomovem-se em máquinas com tripés metálicos, usam armas como raios carbonizadores e fumaças intoxicantes e letais, alimentam-se de fluídos humanos e dizimam tudo que encontram pela frente.

A descrição da aniquilação das pessoas e do domínio da Terra acaba sendo uma alusão ao próprio Império Britânico, que desde o final do século 16 dominava e colonizava povos no mundo. Foi assim na América do Norte, com o extermínio dos índios pelos colonos ingleses, na Austrália com os aborígenes, e continuou sendo assim no século 19, que ficou conhecido como o auge do Império Colonial Britânico quando eles fincaram sua bandeira na Índia e em vários países da África.

Quando os marcianos conquistam Londres, eles não esboçam piedade alguma pelos seres humanos nem por suas instituições. As pessoas ficam aterrorizadas com a facilidade que eles têm em destruir tudo o que veem pela frente e em desmoralizar o poderio das forças militares, que se consideravam tão imponentes. Uma citação do autor no primeiro capítulo deixa bem clara essa intenção de fazer paralelos com a história. Ele diz:

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“Antes de julgá-los com demasiada severidade, devemos nos lembrar das destruições totais e implacáveis que nossa própria espécie empreendeu, não apenas contra os animais, como os extintos bisões e dodôs, mas contra as raças humanas inferiores… Somos por acaso tamanhos apóstolos da misericórdia para podermos nos queixar de que os marcianos tenham feito a guerra no mesmo espírito?”

 

É o que torna a história tão fascinante e, consequentemente, atemporal. A essência dela continua sendo a mesma. O ser humano continua se mostrando uma raça autoritária e prepotente, e a mensagem, mesmo tendo sido escrita há mais de 100 anos, mantém-se atual. A crítica social foi uma marca do trabalho do HG Wells, que também ficou conhecido por outros livros marcantes como A Máquina do Tempo e O Homem Invisível.

A Guerra dos Mundos já foi adaptada algumas vezes para o cinema e TV. Em 1953, surgiu uma primeira versão para o cinema com Gene Barry e Ann Robinson e produção da Paramount Pictures. Em 2005, foi lançada a versão de Steven Spielberg estrelando Tom Cruise no papel principal.

A edição especial da Editora Suma vem com um prefácio de Bráulio Tavares, onde ele faz uma reflexão sobre a história: “os marcianos somos nós amanhã, quando a atmosfera do nosso planeta finalmente estiver irrespirável, quanto tivermos esgotado todos os lençóis de água potável, quando o desequilíbrio entre as espécies animais e vegetais tiver precipitado sua extinção… será nossa vez de olhar em torno à procura de um ecossistema habitável, e certamente vamos fazê-lo um dia com os mesmos intelectos vastos, frios e insensíveis que Wells nos apresenta no livro.”

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A edição tem também uma entrevista de HG Wells com o cineasta Orson Welles, além de belas ilustrações de Henrique Alvim Corrêa, brasileiro que morava na Bélgica no começo do século 20 e que enviou seus desenhos para o autor depois de ler uma versão francesa do livro.

Wells gostou tanto do que viu que incluiu os desenhos de Alvim na edição de luxo do livro, publicada em 1906, e o trabalho dele entrou para a história. O livro tem capa dura, com tradução revisada e todo o cuidado e carinho que um clássico merece.

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SOBRE O LIVRO

Título: A Guerra dos Mundos
Autor: HG Wells
Páginas: 296
Editora: Suma
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SINOPSE Eles vieram do espaço. Eles vieram de Marte. Com tripés biomecânicos gigantes, querem conquistar a Terra e manter os humanos como escravos. Nenhuma tecnologia terrestre parece ser capaz de conter a expansão do terror pelo planeta. É o começo da guerra mais importante da história. Como a humanidade poderá resistir à investida de um potencial bélico tão superior? Publicado pela primeira vez em 1898, A guerra dos mundos aterrorizou e divertiu muitas gerações de leitores. Esta edição especial contém as ilustrações originais criadas em 1906 por Henrique Alvim Corrêa, brasileiro radicado na Bélgica. Conta também com um prefácio escrito por Braulio Tavares, uma introdução de Brian Aldiss, membro da H. G. Wells Society, e uma entrevista com H. G. Wells e o famoso cineasta Orson Welles – responsável pelo sucesso radiofônico de A guerra dos mundos em 1938 -, que fazem desta a edição definitiva para fãs de Wells.

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8 comentários em “A Guerra dos Mundos, de HG Wells”

  1. Rodolfo Euflauzino

    resenha redondinha, saborosa e cheia de informações. parabéns, está perfeita! tenho este livro também, em breve lerei e resenharei também. só pra constar, ter braulio tavares no prefácio é espetacular… gosto dele como escritor e pesquisador, desde que li seu conto “cão de lata ao rabo” em uma revista (não me lembro qual) e tornei-me fã.

    1. Obrigada Rodolfo! O prefácio do Bráulio Tavares está muito especial mesmo, com uma boa reflexão da obra e da história do HG Wells. Adorei esse livro e, com certeza, vou procurar mais autores de ficção científica para conhecer!

  2. Ana Paulo, amei sua resenha, super bem escrita e ainda com o vídeo! Este livro é um dos meus preferidos, lembro que quando li não conseguia parar, é muito tenso e de tirar o fôlego. Uma delícia de ser lido. Tinha a outra versão, de capa mole, mas esta é maravilhosa, amei as ilustrações. Vou comprar e ler novamente. Vale muito a pena, é de arrepiar. Bastante aterrorizante e tenso. Um livraço!
    Obrigada!

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