ENTREVISTA | Raphael Montes

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Por Ana Paula Laux – Raphael Montes publicou o primeiro livro em 2012, e desde então não parou mais. Com o romance policial Suicidas, ficou entre os finalistas do 1º Prêmio Benvirá de Literatura da Editora Saraiva. Então em 2014 veio Dias Perfeitos, livro responsável por impulsionar sua carreira e que já foi publicado em 14 países, seguido de O Vilarejo e Jantar Secreto.

Conversamos com Raphael sobre literatura, cinema – seus livros devem chegar às telonas em breve – e outros projetos do momento. Confira a entrevista abaixo.

 

1. “Suicidas”, seu primeiro romance publicado em 2012, foi relançado pela Companhia das Letras com um capítulo extra. O que você pode dizer sobre este capítulo?

“Suicidas” estava esgotado nas livrarias desde março, vendido a preços absurdos em sebos pelo país. Por isso, estou bastante feliz com a reedição do livro pela Companhia das Letras. Afinal, “Suicidas” foi responsável por lançar minha carreira – na época, ele foi finalista de alguns prêmios literários e cresceu no boca-a-boca (graças ao final bombástico, os leitores costumam sair indicando aos amigos). Quanto ao capítulo complementar, é importante dizer que se trata de um capítulo não essencial – ou seja, a história continua a mesma, não mudei nada. Eu escrevi este “capítulo extra” no texto original, mas ele foi cortado da primeira edição por sugestão do editor da época. Agora, nesta nova edição, a Companhia das Letras resolveu trazê-lo de volta por pensar que é um capítulo que traz novas camadas sobre os personagens, mostrando como Alessandro e Maria João se conheceram.

 
2. Em junho, foi divulgado na coluna da jornalista Patricia Kogut, do jornal O Globo, que a adaptação para o cinema de “Dias Perfeitos” será dirigido por Amora Mautner. Quando poderemos ver o filme nas telas e quem você gostaria de ver nos papeis principais?

Fiquei feliz com a notícia de que Amora Mautner vai dirigir a adaptação de Dias Perfeitos para o cinema. Sem dúvida, é uma diretora muito competente, vibrante e que já demonstrou seu talento na televisão. Ela fará sua estreia no cinema com muita sede de realizar um grande filme. E isso é ótimo. Já passei para ela alguns nomes que julgo interessantes para os papéis de Téo e de Clarice, mas em respeito às escolhas da produção e da direção prefiro não mencionar ninguém.

“Gosto de pensar que estamos evoluindo, com mais autores sendo publicados e com cada vez mais leitores preferindo o escritor nacional ao best-seller norte-americano.”

 

3. O que você sente ao saber que a sua história vai ganhar vida no cinema?

Os direitos de adaptação de Suicidas, Dias Perfeitos, O Vilarejo e Jantar Secreto estão vendidos para o cinema. Pessoalmente, evito me intrometer nas adaptações, pois acho importante haver um olhar externo sobre a minha história. Quem quiser conhecer meu trabalho deve ler os livros. Os filmes serão fruto de um esforço conjunto, não posso responder sozinho pelo resultado. Mas, claro, estou animado para ver minhas histórias transportadas para a tela grande. Espero que meus leitores também estejam curiosos pelo que virá!


 

4. De 2012 para cá – desde a publicação de Suicidas -, como você avalia a recepção dos leitores aos livros de suspense publicados por autores nacionais? Percebeu um interesse maior pelo gênero?

Antes de ser escritor de suspense, sou um leitor do gênero. Por isso, sempre me indignei com a falta de autores inseridos no mercado e que se dedicam a escrever livros de mistério e policial. Com a incrível repercussão de Dias Perfeitos, ouvi de vários editores que eles estavam buscando autores nacionais de suspense para publicar. Fiquei bem feliz com isso. Nesse ramo, não existe concorrência e, sim, companheirismo. Acho ótimo que novos nomes estejam surgindo. Só assim os leitores brasileiros vão descobrindo que somos capazes de fazer boa literatura policial no país. Sem dúvida, o caminho ainda é longo. Mas gosto de pensar que estamos evoluindo, com mais autores sendo publicados e com cada vez mais leitores preferindo o escritor nacional ao best-seller norte-americano.

 

 

5. Como tem sido a experiência de apresentar um programa de TV, o Trilha de Letras, na TV Brasil?

Sou apaixonado por desafios. Quando a produção do programa me procurou interessada em fazer um programa de literatura mais jovem, menos sisudo, a proposta logo me interessou. Jamais me passou pela cabeça ser apresentador de um programa semanal, mas mergulhei fundo. Tem sido uma delícia conversar semanalmente com escritores de variados estilos, ideias e segmentos e, claro, aprender com eles. Acho que essa alegria se transporta para a tela: os espectadores têm adorado o programa, sempre recebemos muitas mensagens elogiosas ao formato “informal” do Trilha de Letras. Além disso, criamos um diálogo interessante com a internet, através do quadro “Dando a Letras” onde exibimos projetos diferentes e inteligentes sobre literatura, como canais de Youtube, por exemplo. Por fim, tenho orgulho em dizer que atualmente somos o único programa de literatura na TV aberta. Num país que necessita formar leitores, isso não é pouco.

Na Flip 2016, com o escritor Emiliano Urbim

 

6. Quais autores/autoras você tem lido atualmente? Deixe algumas sugestões de leitura.

Tenho lido muitas autoras com personagens femininas fortes justamente porque meu próximo romance é protagonizado por uma mulher bastante complexa. Assim, indico Shirley Jackson, Paula Hawkins, Gillian Flynn, Ursula K. Le Guin. Entre os nacionais, Andrea Nunes, Miriam Mambrini e Andrea Killmore. Livraços escritos por mulheres.

[Imagens: Victor Prataviera, Ana Paula Laux]

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