Os adoráveis coadjuvantes dos livros de Agatha Christie

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Por Raquel de Mattos – O que seria das aventuras no dia-a-dia sem nossos companheiros? Na história da nossa vida estamos cercados de personagens secundários, mas que têm uma função muitas vezes simples, e em alguns casos, fundamental. Sempre tem aquela pessoa que sequer sabemos ou lembramos o nome.

Tem alguns amigos que quase não encontramos, mas que de vez em quando aparecem para dar um oi e deixam nosso dia mais feliz. E têm pessoas que estão sempre ali, dando assistências inacreditáveis para que a nossa história aconteça da melhor forma possível. Eles são protagonistas das suas vidas, mas coadjuvantes nas nossas. Mas nem por isso, menos importantes.

O mesmo acontece nos livros. Os personagens principais são rodeados de pessoas que estão sempre (ou quase) ali, ou às vezes é somente um transeunte ou comerciante que dá uma informação vital para que a charada seja desmascarada.

Lógico que, de cara, quando falamos em romances policiais, vamos nos lembrar dos assistentes famosos, como Dr. Watson para o Sherlock Holmes, o Cap. Hastings para o Poirot, etc. E quando os coadjuvantes fazem parte do cenário?

Agatha Christie criou um elenco de coadjuvantes sem-número, principalmente de mulheres, e muitos estavam ali somente para que nós leitores, ficássemos na desconfiança de todos eles e não chegássemos ao culpado. Em sua maioria, personagens pra lá de cativantes! Eu as adoro!

Um elogio ao feminino na obra da Grande Dama!

 

Lady Angkatell

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Quem é fã de e já leu toda ou parte de sua obra, claro que já viu Lady Lucy Angkatell em A Mansão Hollow e seus olhos grandes e azuis, conversando com ela antes de falar com os outros e que tem uma cabeça incrivelmente ativa? Atualmente ela seria diagnosticada como portadora do Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), mas naquela época ela era somente excêntrica! Uma personagem pra lá de curiosa, que tem vários fãs e que aparece somente neste romance.

 

Dolly Bantry

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Quem também não poderia simpatizar com a Sra.Dolly Bantry, que acorda e descobre que tem um corpo na biblioteca e logo manda chamar sua amiga Jane Marple? Seu ímpeto de resolver todas as coisas faz com que seu marido, o Coronel Arthur Bantry, saia de perto em várias ocasiões. Mais frequente em suas aparições, Dolly Bantry ainda aparece em A Maldição do Espelho, já viúva, e Os Treze Problemas. Entretanto, Jane e Dolly não eram tão amigas até Os Treze Problemas, quando Sir Henry Clithering, um amigo em comum, sugere à Sra. Bantry que convide Miss Marple para o jantar.

 

Ariadne Oliver

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Não menos importante, já que se trata do alter-ego de Agatha Christie, a escritora Ariadne Oliver se torna braço direito de Poirot em vários casos. Tem um traço cômico marcante e uma forte intuição feminina que geralmente a leva… para o lugar errado. Mas é uma personagem carismática, bem à vontade (talvez pelo fato de ser o retrato da própria Agatha) e que auxilia bastante Poirot, como em A Extravagância do Morto, Os Elefantes Não Esquecem, A Noite das Bruxas, Cartas na Mesa, A Terceira Moça, A Morte da Sra. McGinty. Dada a importância desta personagem, em O Cavalo Amarelo ela vai explorar e investigar sozinha. É um livro diferente, que entra no rol daqueles que Agatha Christie escreveu sem seus detetives principais – Poirot, Marple e Tommy & Tuppence.

 

Miss Lemon

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Miss Felicity Lemon, a eficaz secretária de Poirot que criou um método de indexação para os casos que deixa seu patrão très feliz. Infelizmente, Poirot a descreve tendo uma beleza inversamente proporcional à sua eficiência, ou seja, a achava muito feia! Aparece somente em algumas histórias e depois sai de cena dando lugar a George, o valete pessoal de Poirot. Sobre a personagem pouco sabemos, exceto quando no romance Morte na Rua Hickory, onde ela acaba por apresentar sua irmã, que dirige um pensionato na referida rua e está com problemas. Assim, a sempre eficiente Miss Lemon comete alguns erros – muitos, para quem nunca erra – e por fim Poirot decide ajudar a irmã e Miss Lemon volta a ser ela mesma, para a sorte de Poirot! Ufa!

 

 

Além dessas personagens coadjuvantes porém muito peculiares nas suas ações, que a deixaram marcadas indelevelmente na memória dos fãs, há ainda uma legião de outras personagens femininas, figurantes de luxo em grandes histórias. Quantas Gladys e Amy não foram entrevistadas por Poirot e Miss Marple?

Empregadas domésticas ou do comércio que tiveram seus minutinhos de fama nos livros eternizados da nossa Rainha do Crime. Pessoas quase anônimas que às vezes viam um detalhe crucial e muitas vezes não davam a devida importância a ele, e que só mais tarde se pronunciaram e acabaram por dar a chave da solução do crime!

Abraços literários e até a próxima!

(Imagens: IMDB)

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6 comentários em “Os adoráveis coadjuvantes dos livros de Agatha Christie”

  1. Adorei o texto, é bem assim, os coadjuvantes se destacam e marcam tanto quanto os protagonistas.
    E o que dizer então de Watson e Holmes? O coadjuvante que na verdade é protagonista.
    E em Agatha é assim mesmo, às vezes um personagem apagado dá um detalhe que muda todo o rumo do enredo.
    Obrigada.

      1. Obrigada a você. Se for possível, nos escreva sobre os coadjuvantes em geral, ou da literatura noir, ou coadjuvantes por gênero, não sei. Um abração, adorei seu texto.

  2. Muito bom o poster. O Paulo de Medeiros e Albuquerque tem um livro cujos mistérios foram resolvidos pelos auxiliares: Dr John Watson, Cap. Hastings e o mordomo Bunker do Lord Peter Wimsey. Watson escreveu para eles perguntando se tinham casos cuja solução fora dada sem o auxílio dos chefes. Livro: Uma Idéia do Dr. Watson (Editora Globo,1977).

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