Longa vida aos Sherlocks de Oxford!

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Por Luciana da Cunha – Uma das coisas mais legais em morar fora por uns tempos é descobrir detalhes do seu novo país que artigo nenhum da Wikipedia ou post nenhum do Buzzfeed te contariam. Coisas rotineiras mesmo, como preparos diferentes de ingredientes que a gente tem no Brasil, formas alternativas de espirrar em público e aqueles programas de TV que a gente nem chega a ouvir falar, mesmo com toda Internet e globalização ao alcance.

Quando morei na Irlanda um dos meus professores recomendou fortemente que eu (e toda a turma) assistisse a uma série em particular: Inspector Morse. Mesmo depois da independência, a Irlanda ainda tem uma cultura pop quase idêntica a do Reino Unido e não demorou muito pra descobrir que todo mundo por lá sabia quem era o tal inspetor há muito tempo.

Sim, digo isso porque estamos falando de uma série de 1987! Tudo bem que ela acabou em 2000, mas o universo criado em torno de Morse e das investigações conduzidas na cidade de Oxford vão bem mais longe. Criado pelo escritor Colin Dexter, Morse é protagonista de uma série de 13 livros que teve o lançamento do seu primeiro volume em 1975. Doze anos depois, as aventuras dele virariam uma série de TV que durou 13 anos, rádio novela e até uma peça de teatro.

Um dos motivos pra série ter durado tanto tempo é que sempre foram produzidos pouquíssimos episódios por ano – às vezes só um era lançado, por exemplo. Nesses 13 anos, apenas 33 episódios foram transmitidos, mas pela duração deles (1h40), podem até ser comparados a filmes. O legal é que cada episódio representa uma história fechada, então, esperar tanto tempo por uma nova aventura não era tão ruim assim (a não ser pros fãs de verdade, é claro).

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De Morse para Lewis

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Mas quando eu digo que o universo de Morse não acabou em 2000 é porque ele teve um “padawan” que praticamente superou o mestre. Assim como Sherlock pode contar com Watson, Morse sempre pode contar com o instinto policial de seu pupilo, detetive Lewis. Em 2007, ele já estava preparado o suficiente para seguir caminho sem o seu mentor e continuar desvendando os casos mais obscuros de Oxford, agora acompanhado pelo sargento Hathaway. Oito anos depois e com muitas tentativas de interromper a série para que os atores pudessem seguir outros projetos, Lewis continua firme e forte na programação de TV da terra da rainha. A longevidade de seu predecessor pode não ter sido alcançada ainda, mas com os modelos atuais de programas da TV que não permitem episódios tão extensos (atualmente cada história de Lewis dura dois episódios de 45 minutos cada), a série conta com 36 episódios já exibidos e mais alguns em produção, que devem ir ao ar nos próximos meses.

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Endeavour

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Além de livros, duas séries, programas de rádio e teatro, Morse ainda ganhou um telefilme em 2012, que conta um pouco como foram os seus primeiros passos como investigador. Isso antes mesmo de personagens famosos como Hannibal e Norman Bates terem ganhado as suas respectivas prequels em séries de TV.

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Ok, mas como são essas séries?

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Confesso que no meu tempo de Irlanda assisti a mais episódios de Lewis dos que de Morse. Um dos motivos era a disponibilidade de downloads, já que era bem difícil conseguir episódios da década de 1990 on-line. Outro era por causa do ritmo. Morse tem um ritmo um pouco mais carregado. A série é bem britânica e bem datada, mas ao mesmo tempo consegue ser extremamente densa e brilhante. Não são poucas as referências ao mundo das artes, o que confere ainda mais elegância à atmosfera de uma das cidades mais charmosas da Inglaterra. Esqueça a barulheira dos tiroteios de séries americanas, aqui o negócio é fino mesmo.

Pra quem tá um pouquinho cansado da infalibilidade do Sherlock Holmes, mas não quer fugir tanto assim da fonte, recomendo a experiência. Morse e Lewis ainda garantem o brilhantismo do nosso querido residente da Baker Street, mas de uma forma um pouco mais pé no chão, mas não menos elegantemente britânica.

(Imagens: Larry Ellis Collection/Getty Images, American Public Television, PBS, Robert Day, ITV)

luciana2

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6 comentários em “Longa vida aos Sherlocks de Oxford!”

  1. A série com Morse é pra lá de boa. Caso alguém queira conhecer, tenho dez episódios: Mortos de Jericho; O Mundo Silencioso de N. Quinn; A Missa dos Mortos; A Jóia Perdida; Desapareceu Vestindo…; O Sol no Poente; O Último Ônibus Para Woodstock; O Fantasma do Computador; O Último Inimigo; Enganado Pelo Vôo.

  2. Infelizmente estas excelentes séries britânicas – Morse, Lewis, Endeavour, Father Brown etc só são retransmitidas pelo canal “Film & Arts” que está com seus dias contados no Brasil. A única operadora que tem o Film & Arts é a Vivo TV, mas irá cancelá-lo a partir de março. A seguir 2 links – um sobre o canal e outro com um abaixo-assinado solicitando que seja mantido. Se puderem, por favor assinem…

    https://pt-br.facebook.com/filmandartsbr.tv

    http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR88318

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