Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson

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Por Rodrigo Padrini – Escrever sobre livros exaustivamente lidos e comentados é uma tarefa difícil. Afinal, fica sempre aquela sensação de que fui o último a ler aquele título que todos já leram, e que estou correndo atrás do prejuízo. Besteira? De qualquer forma, nessas situações busco passar algumas impressões que ficaram após a leitura e trazer algo novo, que não seja mais do mesmo.

Nos últimos dias terminei a leitura do primeiro livro da Série Millennium, “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres” (Companhia das Letras, 2015), do jornalista e escritor sueco Karl Stig-Erland Larsson, mais conhecido como Stieg Larsson. O autor se destacou no cenário internacional com a trilogia Millennium e nos deixou em 09 de Novembro de 2004, aos 50 anos, vítima de um ataque cardíaco.

Apesar de a minha noiva afirmar que eu já havia assistido ao filme norte-americano (The Girl With The Dragon Tattoo, 2011) inspirado no primeiro livro – na companhia dela, inclusive -, minha memória prejudicada me disse que não e curti a leitura como se tudo fosse a maior novidade.

Para quem busca uma leitura diferente, moderna e inteligente, pode confiar que esta é uma boa indicação. Apesar de se tratar de um baita tijolão – como gosto de chamar carinhosamente livros bem dotados -, não há motivo para se preocupar. É uma leitura prazerosa, sem obstáculos ou trechos que você gostaria de pular.

Com uma dupla de protagonistas fortes como Mikael Blomkvist – um jornalista em maus lençóis após ser condenado por difamação de um grande empresário – e Lisbeth Salander – a jovem hacker com personalidade peculiar e um histórico pessoal pesado -, o enredo conta com uma trama relacional muito cativante. A interação curiosa de personagens tão peculiares – como somos todos nós – deixa tudo bem interessante.

“Era um sábado e foi o pior dia da minha vida. Reconstituí o desenrolar dos acontecimentos tantas vezes que penso ser capaz de descrever minuto a minuto o que se passou naquele dia, exceto o mais importante.”
Com uma dupla de protagonistas fortes como Mikael Blomkvist – um jornalista em maus lençóis após ser condenado por difamação de um grande empresário – e Lisbeth Salander – a jovem hacker com personalidade peculiar e um histórico pessoal pesado -, o enredo conta com uma trama relacional muito cativante. A interação curiosa de personagens tão peculiares – como somos todos nós – deixa tudo bem interessante.

A família Vanger, um clã multimilionário proprietário de muitas empresas, é a grande incógnita do suspense. Com seus principais membros situados em uma ilha na Suécia, seus domínios lembram campos feudais e trazem uma atmosfera pseudo-aconchegante. E isso é espetacular, afinal, quem não se interessa em conhecer os segredos obscuros de uma família milionária? Ou mesmo descobrir algumas tramoias bilionárias em empresas no exterior, contas bancárias em paraísos fiscais ou aqueles esqueletos no armário?

A linguagem moderna e a utilização de ferramentas próximas da nossa realidade – e-mails, informática, celulares, essa coisa toda – ajudam a tornar tudo muito próximo. Está acontecendo logo ali, na Suécia, somos contemporâneos.

Não consegui achar pontos negativos, exceto o fato de que se trata de uma série e, claramente, alguns acontecimentos paralelos à trama principal ficam em aberto. Mas isso nem pode ser classificado como negativo, afinal, se você gostar do primeiro título como eu, vai querer ler os outros.

 

“Lisbeth Salander era uma junkie da informática com uma concepção muito liberal a respeito de moral e ética.”

 

O primeiro livro da série possui duas adaptações cinematográficas. A sueca, de 2009, dirigida por Niels Arden Oplev, e a norte-americana, de 2011, dirigida por David Fincher. Em todo caso, recomendo assistir às duas, para tirar a prova. Por fim, digo que a Lisbeth Salander usa umas camisetas com dizeres excelentes e inspiradores. Não vou dar nenhum exemplo, claro.

Livros e e-books de Stieg Larsson
Livro enviado ao site pela Companhia das Letras

(Imagem: Rodrigo Padrini)

 

SOBRE O LIVRO

Título: Os homens que não amavam as mulheres
Autor: Stieg Larsson
Tradução: Paulo Neves
Páginas: 528
Editora: Companhia das Letras
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SINOPSE – Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas – passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o velho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada – o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou. Quase quarenta anos depois, o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger, e que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados – de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois…. até um momento presente, desconfortavelmente presente.

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