RESENHA | A Viúva, de Fiona Barton

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* Pode conter spoilers da história

“A Viúva” é um thriller psicológico escrito pela jornalista inglesa Fiona Barton. É o livro de estreia dela, um best-seller do The New York Times (nada mal para um primeiro livro) e que foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca.

A história é sobre o desaparecimento de uma menina de dois anos do quintal da própria casa, que some sem deixar rastros num drama que comove a Inglaterra. A polícia fará investigações e logo se concentrará em um suspeito, um homem aparentemente convencional, casado com uma mulher aparentemente submissa.

Contado de forma não linear, o livro já apresenta a viúva do suspeito lembrando do caso no primeiro capítulo, e nos capítulos posteriores revivendo a exposição na imprensa, as acusações e ameaças anônimas, o julgamento e a vida de casada.

Os capítulos são contados sob o ponto de vista de três pessoas: a viúva, o detetive, que luta de forma obcecada para enquadrar o suspeito, e a repórter de um dos jornais da cidade, que persegue a notícia como um cão caçando uma lebre. Em certo trecho, a repórter poderia estar falando pela autora mesmo, quando reflete sobre ser jornalista e como, apesar de celebridades e críticos acharem que todos odiavam a imprensa, ela “fazia parte da vida deles (dos entrevistados), parte de um acontecimento que mudara tudo para a maioria dessas pessoas”.

Se um dos mistérios é descobrir o que aconteceu com a menina desaparecida, outro enigma em si é a própria viúva, uma personagem dúbia que ora parece uma mulher dedicada ao marido, enfrentando com ele as acusações da polícia e da imprensa, ora parece uma atriz encenando um papel na vida daquele casal. Qual será a verdadeira personalidade desta mulher?

 

A tensão é muito bem construída no livro, que se concentra no aprofundamento psicológico da protagonista.

 

Durante boa parte da história, ela expõe os medos e as emoções mais íntimas sobre seu casamento e o que sentiu ao lado do homem que todos consideravam culpado de um crime hediondo, mesmo sem ter sido condenado pela polícia por falta de provas. O que me faz acrescentar que o fim, em si, não é tão determinante para se gostar do livro ou não. O valor da história não está no final, e sim na forma como ela é contada.

Essa ficção também me lembrou um caso real que comoveu os ingleses anos atrás, o caso Madeleine McCann, a garotinha que desapareceu em Portugal em 2007. E não foi para menos. Ao pesquisar sobre a autora, descobri que ela cobriu este caso na época pelo jornal que trabalhava, inclusive se deslocando até Portugal para fazer a cobertura. Escrevendo com experiência de causa, suas impressões sobre este e outros casos policiais que participou como repórter dão a credibilidade que a história exige para ser bem contada.

Descobri ainda duas coisas interessantes. A primeira é que “A Viúva” foi recomendado por Stephen King no Twitter, um elogio que, convenhamos, ninguém dispensaria. No tweet, ele escreve que quem gostou de “Garota Exemplar”, de Gyllian Flynn, e A Garota no Trem, de Paula Hawkins, deve gostar deste livro também.

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A segunda é que os direitos de adaptação já foram comprados, e em breve esta história vai virar filme. Quem deveria interpretar a misteriosa viúva no cinema?

* Livro enviado para o blog pela Editora Intrínseca. 

 

SOBRE O LIVRO

viuvaTítulo: A Viúva
Autora: Fiona Barton
Tradutor: Alexandre Martins
Editora: Intrínseca
Páginas: 304
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SINOPSE – Ao longo dos anos, Jean Taylor deixou de contar muitas coisas sobre o terrível crime que o marido era suspeito de ter cometido. Ela estava muito ocupada sendo a esposa perfeita, permanecendo ao lado do homem com quem casara enquanto convivia com os olhares acusadores e as ameaças anônimas. No entanto, após um acidente cheio de enigmas, o marido está morto, e Jean não precisa mais representar esse papel. Não há mais motivo para ficar calada. As pessoas querem ouvir o que ela tem a dizer, querem saber como era viver com aquele homem. E ela pode contar para eles que havia alguns segredos. Afinal, segredos são a matéria que contamina (ou preserva) todo casamento. Narrado das perspectivas de Jean Taylor, a viúva, do detetive Bob Sparkes, chefe da investigação, cuja carreira é posta em xeque pelo caso, e da repórter Kate Waters, a mais habilidosa dos jornalistas que estão atrás da verdade, o romance de Fiona Barton é um tributo aos profissionais que nunca deixam uma história, ou um caso, escapar, mesmo que ela já esteja encerrada.

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