HEX, de Thomas Olde Heuvelt

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Por Luciana da Cunha – Se você é do tipo que não acredita em bruxas, mas que elas existem, existem, HEX, do escritor holandês Thomas Olde Heuvelt é o candidato ideal a sua próxima leitura. Em uma história contemporânea, ele nos apresenta à pequena cidade de Black Spring, nos Estados Unidos, onde poucos milhares de habitantes convivem com um segredo: o espírito de uma bruxa que vive entre eles.

Apesar da premissa, os primeiros capítulos de HEX estão mais para comédia do que para uma obra de terror. A existência de uma bruxa naquela cidade há tantos anos acabou fazendo parte da rotina das pessoas, que acabam não se perturbando muito com as aparições dela. É mais ou menos como se eles temessem a figura da bruxa Katherine Van Wyler, mas não necessariamente se apavorassem com isso.

É claro que para conviver em paz com Katherine e evitar que a maldição se espalhe existem não apenas algumas regras, mas toda uma estrutura para conviver em harmonia na pacata cidade. Há um conselho para lidar com essa, digamos, particularidade e até mesmo um aplicativo foi criado para monitorar as aparições da bruxa 24h por dia. Isso porque a existência de Katherine é um segredo restrito à cidade: nenhuma pessoa de fora pode saber dela sob risco de não poder deixar Black Spring (no livro Heuvelt explica por cima as coisas terríveis que acontecem com quem deixa a cidade).

Além de proteger o segredo, os habitantes também devem seguir algumas regras de boa convivência com Katherine, como a de nunca provocá-la e, sob hipótese alguma, abrir a boca e os olhos delas, que estão costurados.

A rotina da cidade e as diferentes opiniões dos habitantes sobre o tratamento dado à bruxa preenchem bem as primeiras páginas da história e, como já mencionei, chegam a divertir. Porém, a paz de Black Spring pode ser ameaçada quando um grupo de adolescentes começa a desrespeitar as regras do conselho. O que era uma história apenas curiosa e divertida começa a ganhar tons mais obscuros e o terror se instaura, ganhando força nas últimas 100 páginas.

A narrativa de Thomas Olde Heuvelt é bem dinâmica e envolvente. Embora o suspense seja crescente, é daqueles livros que te prendem desde as primeiras páginas e te dá vontade de ler mais pra saber o que vai acontecer. A escolha de ambientar a história em dias atuais deu super certo porque transporta o leitor ao centro da ação e faz com que ele se questione como seria viver em uma cidade assombrada pelo espírito de uma bruxa.

Se fosse para eu comparar com alguma outra obra de terror que eu já li, provavelmente citaria “A Coisa”, do Stephen King. Não é segredo pra ninguém que a obra de King é uma forte influência para Heuvelt e todos os elementos principais estão lá: a cidade pequena, um grande mal que paira sobre o local e o grupo de adolescentes que puxa o gatilho para que a ação aconteça. Porém, a objetividade de HEX deixa a leitura muito mais estimulante do que as quase mil páginas do clássico de King.

A edição brasileira do livro ficou com a DarkSide Books, que mais uma vez caprichou em um livro bonitão de capa dura, ilustrações fantasmagóricas e páginas com as bordas pretas. Eu dificilmente leio a parte de agradecimentos, mas a deste livro eu recomendo demais! O autor explica um pouco do seu processo pessoal para criar a lenda da bruxa e conta que, quando adaptou a obra para o inglês, boa parte da história foi modificada, passando para os Estados Unidos, dias atuais e até mesmo com um final diferente. Fica a curiosidade para ler o original holandês.

Para quem se interessou pelo segredo da Bruxa de Black Spring, uma boa notícia: HEX irá parar na TV! Atualmente a Warner Bros. está desenvolvendo uma série baseada no livro de Heuvelt. Parece que o segredo de Katherine deixará de ser limitado a Black Spring no final das contas.
[Imagem: Luciana da Cunha]

Título: Hex
Autor: Thomas Olde Heuvelt
Tradução: Fábio Fernandes
Páginas: 368
Editora: Darkside Books
Este livro no Skoob

SINOPSE – Toda cidade pequena tem segredos. Mas nenhuma delas é como Black Spring, o pacato vilarejo que esconde uma bruxa de verdade do resto do mundo. Os moradores sabem que não se deve mexer com ela. Assim como aconteceu com as bruxas de Salem, Katherine Van Wyler foi condenada à fogueira. Mas a feiticeira sobreviveu e continua rondando a cidade, mais de trezentos anos depois. Seus olhos e sua boca foram costurados, para impedir que ela lance maldições fatais. Os habitantes de Black Spring controlam seu passos através do HEXApp, um aplicativo de celular, 24 horas por dia. A vigilância constante aumenta o clima de paranoia na cidade, enquanto um grupo de adolescentes desafia as regras e resolve zoar a bruxa para ver se ela é tão perigosa quanto dizem…

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