A literatura policial é um universo frequentado por quem não é muito bom da cabeça. Tem os assassinos em série, os obcecados por pistas, os acumuladores de casos insolúveis. Encontramos também os que ficam paranóicos com a pilha de corpos, os que desenvolvem explicações conspiratórias e aqueles que sofrem com a abstinência por não ter nenhum mistério para resolver.
O mundo dos crimes é paradoxal: tem gente que não bate bem, mas para sobreviver nele é preciso ter raciocínio lógico, inteligência e outras habilidades mentais. Mas nessas páginas não basta ser um sujeito estranho. Veja como ter um nome esquisito também ajuda…
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1. HERCULE POIROT
Se você não o conhece, pode imaginar que seja um cara forte, másculo e musculoso. Nada disso. Se nunca ouviu falar dele, está por fora mesmo. Esqueça de encontrar por trás desse nome um belo deus grego. O sujeito é baixinho, careca, rechonchudo e levemente afetado. Está longe de ser bonito, mas o que vale é a sua beleza interior, isto é, seus miolos. O detetive mais famoso de Agatha Christie é um exemplo de que o nome não diz muito sobre a pessoa…
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2. FRED VARGAS
Se você encontrasse o seu cartão de visitas, pensaria: olha só, esse homem escreve romances policiais… Quebraria a cara quando se deparasse com uma cinquentona francesa, cuja carteira de identidade traz no alto: Frédérique Audoin-Rouzeau…
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3. ANDREA CAMILLERI
Aqui, a história é o avesso. Evite a tentação de imaginar uma bela italiana escrevendo aventuras para o inspetor Salvo Montalbano. Trata-se do senhor Camilleri, às portas de completar 89 anos. Portanto, mais respeito!
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4. ARNALDUR INDRIDASON
Em matéria de nome esquisito, os nórdicos só devem perder para os chineses, os russos e os marcianos. Para nós, falantes da língua portuguesa, a razão é muito simples: as vogais sempre perdem em número para as consoantes e aí, fica impossível pronunciar qualquer coisa sem passar vergonha. Este islandês nascido em Reykjavík (não falei?) é um bom exemplo para esta lista.
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5. LARS KEPLER
Já que falamos desta parte do globo, o que acham de um nome pouco usual, mas que se refere não a uma, mas a duas pessoas? Lars Kepler, na verdade, é o pseudônimo do casal Alexander e Alexandra Ahndoril, suecos que fazem muito sucesso com seu detetive Joona Lina (eita!).
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6. COFFIN ED JOHNSON E GRAVEDIGGER JONES
Tá de sacanagem, né, escritor? Batizar uma dupla de policiais em pleno Harlem desta forma é um convite às gargalhadas. Numa tradução muito pessoal, seria como Caixão e Coveiro.
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7. CHESTER HIMES
Aliás, a fruta não cai longe do pé. O criador da dupla barra-pesada acima é Chester Himes. Chester é aquela ave que ninguém nunca viu, mas que sempre aparece na época de Natal…
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8. ED MORT
Brasileiros também fazem piadinhas com seus combatentes do crime. Luis Fernando Verissimo criou o imortal (e impagável) Ed Mort. Dispensa comentários, né?
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9. D.T.TIVE
Na mesma linha, o catarinense Jair Francisco Hamms trouxe à vida Domingos Tertuliano Tive, cujo cartão de visita apresenta: “D.T.Tive”
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10. GUILHERME DE BASKERVILLE
Mas os escritores nem sempre sacaneiam ou brincam; eles também homenageiam. Foi o que Umberto Eco fez com o frei-detetive de O Nome da Rosa: uma referência explícita a uma das histórias mais famosas do gênero policial (O Cão dos Baskervilles), do nada elementar Conan Doyle.
E aí, conhece outro autor ou personagem com nome esquisitão? Então, me ajude a ampliar essa lista…
Jornalista, dramaturgo e professor universitário. Já publicou 12 livros na área acadêmica e escreveu oito peças de teatro. É um dos autores do e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx).
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Gostei das menções aos detetives brasileiros. Aliás, não conhecia o D. T. Tive! Muito bom! Até me inspirou a brincar de escritor policial agora!