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Henning Mankell fala sobre literatura e saúde

“Eu tive uma vida fantástica. E eu gostaria muito que ela continuasse”, disse Henning Mankell. Foto: Liftarn.

Henning Mankell deu uma entrevista para Martin Scholz, editor do jornal alemão Welt am Sonntag. Na conversa, o romancista policial revelou como está sua saúde após a descoberta do câncer em 2014 e as expectativas para o futuro. 

Leia parte da entrevista traduzida do site da NPR. Para conferir o texto completo, acesse o site (em inglês).

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Pep Bonet/NOOR/Redux – Henning Mankell descansa no quintal de casa, com as mãos nos bolsos, apreciando a vista. O escritor vive em uma encosta que fica a cerca de 40 minutos de carro ao sul de Gotemburgo. A vista que tem do mar é de tirar o fôlego, mesmo nesse dia nublado de outono. À noite, Mankell consegue enxergar as luzes dos navios que vão de Oslo a Copenhague, diz ele. Na primavera, ele se sentava aqui por horas, ouvindo o som de um melro (o popular pássaro preto).

“Eu tive uma vida fantástica. E eu gostaria muito que ela continuasse”, disse o autor. “Mas há uma diferença se você é acometido (pela doença) quando tem mais de 60 ou se isso acontece quando tem apenas 30”.

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O romancista policial de 66 anos, mais conhecido pelos populares romances de mistério com o detetive Wallander pela Suécia e Moçambique, tem falado mais sobre câncer do que ciência forense nos dias de hoje. Desde o diagnóstico em janeiro de 2014, ele recorreu a um blog para falar sobre seu medo, dor e determinação de viver. Sua perspectiva é mais positiva do que antes: apenas um pequeno tumor no pulmão esquerdo permaneceu, e os médicos dizem que podem contê-lo.

Ele não abandonou a ficção em meio à luta. Está trabalhando em um novo romance, e acabou de dirigir Hamlet, de Shakespeare, em seu país de adoção, Moçambique – em sua versão, a peça foi montada na África do Sul. E o outro novo romance – recém-lançado na Suécia – está sendo lançado pelo resto da Europa. O título, de forma significativa, é “Quicksand” (Areia movediça), numa referência ao sentimento arrepiante que sentiu após receber o diagnóstico.

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1. A pergunta óbvia. Como você está?
Estou me sentindo bem. Eu não estou com dor. Sinto-me normal a uma certa medida. Pareço doente para você?

2. Não.
Isso é o que a maioria das pessoas dizem. Sim, eu estou muito bem. A quimioterapia foi muito, muito difícil para mim. Felizmente eu reagi muito bem a ela. Eu não perdi o meu cabelo, por exemplo. Quando recebi o diagnóstico, em janeiro de 2014, foi uma catástrofe para mim. Tudo que era normal para mim até aquele momento sumiu de repente. Ninguém morreu de câncer na minha família. Eu sempre achava que eu ia morrer de outra coisa.

3. Você se libertou da”areia movediça”, apesar dos resultados incertos que estava enfrentando?
Eu tenho 66 anos agora. Tenho vivido por mais tempo do que muitas pessoas podem sonhar. Eu tive uma vida fantástica. E eu gostaria muito que ela continuasse. Mas há uma diferença se você é acometido (pela doença) quando tem mais de 60 ou se isso acontece quando tem apenas 30. Eu sou muito grato por ter vivido essa vida plena.

(Fotos: Liftarn, Companhia das Letras)

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