Por Luciana da Cunha – Cada término de relacionamento é diferente do outro. Alguns são fáceis e você consegue seguir em frente sem muitos problemas. Já outros parecem render anos de ressentimentos e perguntas não respondidas. O meu término com Dexter se encaixa na segunda opção: depois de quase dois anos de termos seguido caminhos diferentes – ele para a vida de lenhador e eu para outras séries – eu ainda tenho aquela sensação de que as coisas poderiam ter sido diferentes entre nós dois. Que eu poderia ter sido mais compreensiva, mas que ele também poderia ter correspondido um pouco mais às minhas expectativas e ter me garantido um pouco mais de estabilidade emocional.
Verdade seja dita, a minha relação com Dexter não era das melhores. Nos dois primeiros anos tudo era perfeito e eu cheguei a acreditar que seria o melhor relacionamento de todos, mesmo sabendo que não duraria pra sempre. No primeiro ano conheci seus segredos, sua família (tanto a adotiva como a biológica), sua namorada e os filhos dela e até o acompanhei na morte de seu irmão. No segundo ano, ele fez algumas coisas que não me agradaram muito, mas isso só me mostrou que, apesar de tudo, ele também era um ser humano e cometia erros. Fiquei tensa quando seus segredos quase foram revelados e um dos meus maiores alívios naquele ano foi ver como ele conseguiu se safar mais uma vez.
O terceiro ano do nosso relacionamento já mostrou que nem tudo seria um mar de rosas sempre. Claro que fiquei feliz com o casamento dele e comemorei a notícia da paternidade dele como qualquer pessoa próxima faria. Na verdade eu estava mais curiosa pra ver como ele se sairia dali pra frente. Mas as amizades daquele ano estragaram um pouco a coisa toda. O Miguel não era a melhor companhia pra ele, mas ainda bem que Dexter descobriu isso a tempo e se livrou dele da melhor forma possível. Ainda assim, faltava aquela emoção que sempre me deixava ansiosa para mais um dos nossos encontros semanais.
A minha fé de que as coisas poderiam ser melhores foi recuperada no quarto ano da nossa história, que provavelmente foi o melhor de todos eles. Dessa vez o novo amigo dele era sensacional e eu confesso que me interessei mais por ele do que pelo próprio Dexter nesse período. Trinity era interessante, complexo e um retrato de tudo aquilo que o próprio Dexter poderia se tornar um dia. Mas assim como a maioria das amizades dele, essa acabou logo e não foi de forma tranquila. Mesmo sabendo o que iria acontecer, o desfecho daquela fase ainda foi chocante. Trinity não faria mais parte de nossas vidas, mas Rita também não. Eu sabia que a partir desse ponto a nossa relação não seria mais a mesma.
Ali por 2010, no nosso quinto ano, as coisas esfriaram um pouco. Ele tinha uma nova namorada que não era de todo mal, mas faltava algo. As surpresas não estavam mais lá e a minha paixão foi, inevitavelmente, diminuindo. Mas eu não iria desistir assim tão fácil. Eu tinha investido muito naquela relação e eu seguiria ali até o fim, independentemente de quando isso fosse acontecer.
Foi bom ter persistido porque logo depois as coisas melhoraram de novo. Logo no início do sexto ano Dexter conseguiu prender a minha atenção pelos próximos meses quase como era no começo. Eu mal podia esperar pelos nossos encontros semanais. Foi uma fase bem interessante, ele encontrou bastante coisa estranha pelo caminho e se aproximou da religião. Da forma dele, claro. Ainda havia esperança para nós dois.
No entanto, os dois últimos anos que passamos juntos foram tão maçantes que eu prefiro nem me lembrar muito deles. Nesse meio tempo apareceu uma tal de Hannah McKay na vida dele e o Dexter meio que se perdeu depois disso. Ele não tinha mais amizades interessantes como antes. Aliás, foram anos bem confusos em que nem ele sabia direito contra que demônios estava lutando. Eu não podia ajudá-lo nisso. O máximo que eu podia fazer era assistir a coisa toda e torcer pra que tudo terminasse bem.
Infelizmente a minha torcida não foi o suficiente. Ali no início do nosso último ano juntos eu já sabia que o fim era inevitável. No início até cheguei a acreditar que as coisas iriam melhorar um pouco e que ele, pelo menos, me deixaria com uma lembrança boa. Mas a tal da Hannah voltou e a vida dele ficou tão complicada que eu achei que não teríamos tempo de amarrar todas as pontas. E foi mais ou menos isso o que aconteceu. Muita coisa ficou acumulada para a nossa última hora juntos e todos os nossos problemas se resolveram de forma muito rápida, sem muita explicação. Até hoje estou tentando entender por que ele tomou certas atitudes, principalmente em relação à irmã dele.
Assim como todo término esperneante, Dexter tentou chamar a minha atenção o máximo que pode e conseguiu me chocar, mas não no bom sentido. Ainda me lembro da nossa despedida: logo depois dos nossos últimos momentos juntos eu saí do meu quarto completamente desnorteada. Eu sabia que os últimos anos não tinham sido bons, mas eu já tinha me acostumado com aquilo tudo. Afinal, foram oito anos de dedicação um ao outro. Lembro-me de ter passado pelas cinco etapas do luto e de ter aceitado que ele não faria mais parte da minha vida.
Mesmo dois anos depois, eu ainda imagino como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas felizmente consegui seguir em frente com a minha vida e conheci outras séries tão interessantes quanto Dexter de lá pra cá. Claro que ainda tenho guardadas as nossas lembranças em boxes de DVDs e nos livros. Mas eu já deveria saber no que eu estava me envolvendo, afinal, eu sempre soube que ele era um serial killer, e quem se aproxima demais sempre acaba apunhalado de alguma forma.
[Imagem: Divulgação]
Jornalista em Blumenau, desde os 15 anos se aventura pela blogosfera. Cinéfila desde a sua primeira VHS da Disney, escreve sobre o tema há nove anos. Descobriu a paixão pela literatura com romances policiais, mas hoje lê um pouco de tudo – principalmente tudo aquilo que vai parar nas telonas.
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Olá cara amiga, infelizmente ainda não me recuperei :'(
Eu e Dexter terminamos à 2 semanas, e ainda não consegui parar de pensar nele todos os dias dessas intermináveis semanas... no início tentei me prender à algumas séries que só me deixaram mais desanimada e sem rumo. Nas ultimas noites prefiro só apagar as luzes e ficar relembrando nossos momentos maravilhosos (por exemplo das vezes que o via em 6 episódios seguidos, sem pausa).
Agora entrei naquela fase de ex que quer logo outro romance para esquecer o anterior... mesmo sendo recente...
Poderia me ajudar à encontrar uma luz?
Tenho a impressão de nada poderá jamais ser comparado à Dexter...
Disse que encontrou séries tão interessantes quanto essa...
Quais??? Pleeeease
Que bom que você me entende, Le! Então, um dos romances que me fez superar o Dexter foi Sons of Anarchy. Já terminamos também, mas continuamos amigos, o que é ótimo! Qualquer dia desses a gente se encontra de novo. Meu caso atual é com Luther. Os nossos encontros são mais breves (no máximo 6 episódios por temporada), mas ele já me deixou sem respirar algumas vezes em fim de temporada. Talvez ele também te ajude a esquecer um pouco o Dexter ;)