A história é uma ficção, mas passaria fácil por realidade nas editorias policiais. É essa a impressão que fica de O crime por um fio (Chiado Editora), livro de Valéria Leal sobre o papel da ciência forense na solução de crimes, muitos desses familiares a quem acompanha as notícias sobre violência urbana e corrupção nos jornais.
Focada na perita forense Isadora Romanesky, uma funcionária de prestígio da Agência Nacional de Inteligência no Rio de Janeiro, os primeiros capítulos parecem mais contos independentes do que histórias conectadas entre si. São descrições sobre as tecnicalidades da profissão de Romanesky e sobre os conflitos de interesse inerentes ao cargo, quando nem sempre a verdade dos fatos interessa numa investigação oficial. O testemunho da corrupção e da violência no meio policial, político e judiciário parecem se agarrar ao meio vivido pela perita, uma expert na arte de identificar vozes, revelar mensagens criptografadas, traduzir ruídos e nuances de sons.
“A vida é só um detalhe.
Um jogo que mata.”
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Os casos investigados por Isadora são descritos de forma um tanto quanto didática em alguns momentos. A autora também divaga sobre como relações profissionais podem ser permeadas pela desconfiança ou pela dedicação afetuosa, dependendo dos limites éticos de cada um.
Para colaborar nas investigações surge ainda o jornalista Beto Lopez, premiado por reportagens investigativas que geralmente incomodam figuras do alto escalão do poder. Isso se dá principalmente quando Lopez descobre crimes como contas ilegais em paraísos fiscais e homicídios encomendados, associados a policiais e políticos influentes.
Se por um lado as relações entre os personagens não são revestidas de profundidade, por outro a trama realça uma protagonista feminina atuando num ambiente comumente masculino sem a necessidade de um endurecimento clichê. A analogia com casos ressonantes na opinião pública também é explícita, como o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo, em 2013, na favela da Rocinha.
Valéria Leal é fonoaudióloga, especialista em voz e perita forense de vestígios em arquivos digitais. Ela dedica o livro a seu pai, Manoel Leal, jornalista assassinado em 1998 após fazer denúncias de desvios de verbas públicas e obras superfaturadas em Itabuna, na Bahia. Segundo aponta a autora na dedicatória do livro, os mandantes do crime continuam até hoje em liberdade.
Autora: Valéria Leal
Editora: Chiado
Páginas: 120
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SINOPSE – Um retrato ficcional da atualidade e destaca o papel da ciência forense na solução de crimes, da favela no Planalto Central do Brasil. A protagonista da trama, a implacável perita forense Isadora Romanesky, trabalha para a A.N.I – Agência Nacional de Inteligência – com sede no Rio de Janeiro, desvendando diversos casos de violência urbana. O jornalista investigativo Beto Lopes, do Jornal da Manhã, revela um dossiê sobre contas ilegais nas Ilhas Cayman. A busca pela verdade e a justiça será uma verdadeira obsessão.
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Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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Adorei a resenha! Como sempre, vai me fazer comprar o livro!
Obrigado Vera :) Depois nos diga o que achou do livro.