Por Rodrigo Padrini – É comum que as editoras utilizem algumas frases marcantes ditas por críticos literários para chamar a atenção do leitor em suas capas. “Incrível!”, “O próximo Stephen King”, “Uma história para a sua vida”, coisas do tipo. Neste caso, somos informados que Jo Nesbø é um autor imprevisível e que nos conduz pela história como se estivéssemos em uma montanha russa, prestes a desabar a toda a velocidade.
Costumo ficar um pouco incrédulo diante dessas afirmativas, no entanto, nunca uma frase disposta humildemente em uma capa despretensiosa se encaixou tão bem ao que eu iria encontrar ao longo de 500 e poucas páginas. Sim, Jo Nesbø realmente nos conduz com inteligência e suspense.
“Polícia” (Editora Record, 2017) é um dos romances com o detetive Harry Hole publicados pelo escritor norueguês Jo Nesbø, nascido em Oslo, em 1960. O autor tem acumulado alguns best-sellers, publicados no Brasil pela Editora Record, como ‘O leopardo’ e ‘O fantasma’, e tem sido falado por aí devido à recente adaptação de ‘Boneco de neve’ para o cinema. Nesbø já foi atleta profissional, analista financeiro, músico e, hoje em dia, é ‘somente’ um dos escritores de romances policiais mais conhecido no mundo.
Harry tem lá os seus ‘trinta e tantos anos’ e é o policial mais competente da polícia de Oslo. Nascido em Oppsal, ao sudeste de Oslo, Noruega, o detetive possui tendências alternadas ao alcoolismo e ao vício pelo trabalho. É reverenciado por alguns de seus colegas, mas não faz muito o tipo de outros. Até o momento, Hole protagonizou onze títulos, dez deles publicados no Brasil. De acordo com o site do autor, Harry Hole tem como ambição entender o que é o ‘mal’ e o que é o ‘amor’. Bonito, não?
Basicamente, “Polícia” traz um assassino de policiais a Oslo em um contexto complicado, já que Harry Hole, ‘o fodão’, está provisoriamente ‘incapacitado’ para ajudar os seus colegas. Ou seja, o pessoal tem que se virar. Os personagens são bem construídos e o estilo da escrita faz com que, apesar de alguns detalhamentos aparentemente excessivos, a experiência de ler quinhentas páginas não seja penosa. Pelo contrário, a maioria dos eventos se conecta e a astúcia do autor impressiona algumas vezes.
Pode-se dizer que “Polícia” é a continuação de “O fantasma” e, de fato, a leitura de seu predecessor é uma dica importante, já que alguns elementos trazidos ao longo de “Polícia” remetem diretamente a eventos do passado, o que nos faz apenas imaginar o que aconteceu e ficar curiosos, apesar dos breves resumos apresentados. Se puder ler “O fantasma” antes, leia.
A narrativa tem quatro partes divididas em capítulos menores que, por sua vez, são distribuídos em seções que adotam a perspectiva de diferentes personagens da trama. Essa forma de conduzir a história como um quebra-cabeças é um dos elementos que contribui para o suspense. Muitas vezes, achamos que é uma coisa, mas na verdade é outra. Isso também aumenta a ansiedade e a vontade de pular umas cinco páginas de uma vez, mas não pule, vale o esforço.
O fim da história dá a entender que algo mais virá, algum fio solto, um elemento que acabamos deixando pra lá. Ficou a curiosidade. Quando descobrimos o desfecho, dá vontade de ler o livro inteiro de novo para conhecer o que deixamos passar. Cada diálogo, cada telefonema, cada comportamento. Como não vimos isso antes?
“Polícia” foi a minha primeira experiência com o detetive Harry Hole e acredito que a primeira de muitas. O personagem em si é bastante carismático mas, além disso, a escrita de Jo Nesbø me agradou muito. Sem querer ser chato, mas a escrita tem ‘algo de contemporâneo’ e informal, o que torna a experiência bem interessante, algo como os livros de Tess Gerritsen e Stieg Larsson. Pretende divertir. E diverte.
Autor: Jo Nesbø
Tradução: Kristin Garrubo
Editora: Record
Páginas: 546
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SINOPSE – Ao longo dos anos, o inspetor Harry Hole esteve envolvido nos principais casos de assassinato em Oslo e salvou a vida de muitas pessoas. Mas, quando um assassino brutal ataca os policiais da cidade e seus colegas são expostos ao perigo, Harry não se encontra em posição de proteger ninguém – muito menos a si mesmo. Um investigador aposentado é assassinado de modo brutal em um bosque nos arredores da cidade; um detetive é morto com requintes de crueldade. Ambos são encontrados nos locais dos crimes que não foram capazes de solucionar. E o assassino não para por aí. Funcionando como uma força-tarefa, os amigos de Harry na polícia entram em ação. Apesar da falta de pistas, eles contam com uma ajuda inesperada para deter o assassino antes que seus colegas sejam as próximas vítimas.
Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Atua no sistema prisional. É músico e leitor assíduo de romances policiais, com aquele lugar especial no coração para Georges Simenon e Raymond Chandler.
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Jo Nesbo é um escritor fantástico. Garganta Vermelha é uma obra prima.
Republicou isso em Mais uma Opinião.
Adorei sua resenha, que me animou a ler Jo Nesbo. Comecei do primeiro e vou seguir por toda a série. Em geral, gosto muito das suas resenhas, são elucidativas e empolgantes. Obrigada!
Muito obrigado Adriana. Fico feliz em saber que as resenhas estão boas. Busco apenas passar a minha experiência de leitura com a maior fidelidade possível. Abraços