Para um livro de estreia, ele é pra lá de interessante. Muitas questões que parecem sem resolução e uma autoanálise da personagem bem sufocante.
A história de Todas as garotas desaparecidas é muito bem escrita, narrada em primeira pessoa e com uma questão peculiar: a segunda parte – a maior parte do livro – é contada em retrospectiva, ou seja, os quinze dias em que se passam o grosso da história são contados de trás pra frente.
Confesso que o começo me deixou meio desanimada, parecia que a narrativa não fluía e eu levei vários dias para engrenar na leitura. A primeira parte – que é curta, ainda bem – conta como Nicollette Farrell – Nic, como seus conterrâneos a chamam – retorna à sua cidade depois de 10 anos fora em definitivo, para ajudar seu irmão, Daniel, a vender a casa onde eles cresceram para pagar o tratamento do pai, que está internado em uma clínica de repouso. Só que papai mandou uma mensagem misteriosa e também não quer que eles vendam a casa. Ai, ai, ai…
A casa pertenceu a diversas gerações da família, a mãe deles morreu ali, há muitas memórias e o papai anda meio perdido nas lembranças. Mas eles precisam da grana. Lá chegando, vê seu ex-namorado e grande amor Tyler de namoro com Annaleise Carter, que vai ser a próxima a sumir.
Quando eu vi essa questão da inversão da cronologia, pensei nos vários livros que eu já li sobre crimes e pensei: “mas se eu estou lendo o final da história e ele não me revela o que aconteceu, como o começo vai revelar? Essa escritora tem que ser muito boa para resolver essa questão”. E é. Ela é mesmo muito boa! Resolveu a história de forma brilhante. A cada dia que se passa para trás, mais da história é revelado, mais do caráter dos personagens aparece – personagens bem elaborados, por sinal –, mais complicações se assomam aos problemas já existentes e dúvidas que o leitor não tinha, aparecem e – ufa! – se resolvem. Não que seja fabuloso, mas a forma como foi resolvido me agradou.
Não ficou nada de fora. O pai, as garotas desaparecidas, o irmão e todas as relações são esclarecidas ou finalizadas. Todos os personagens me pareceram bem construídos, as sensações dos ambientes foram bem descritas, estava tudo certo. No começo parecia que ela estava fazendo uma lição de “como escrever um livro”, dado o tipo de descrição que ela fazia era bem de principiante (quem já tentou escrever ficção percebe isso logo de cara); depois parece que ela pega o jeito e logo essa questão é contornada de uma forma mais profissional e tudo flui melhor.
Mas devo fazer outra confissão: esse tipo de narrativa me deixou meio confusa algumas vezes, pois precisava lembrar do que tinha acontecido em um dia para lembrar que no dia anterior tal coisa ainda não tinha acontecido. Mas se sua memória é melhor do que a minha, talvez sua experiência seja melhor.
Espero que um dia saia um filme desse livro e que quem o roteirize e dirija consiga dar o suspense na dose certa. Não é um super thriller, mas pode vir a ser nas telonas.
Abraços literários!
Autora: Megan Miranda
Tradução: Petê Rissatti
Editora: Verus
Páginas: 294
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SINOPSE – Ninguém simplesmente some. Faz dez anos que Nicolette Farrell deixou Cooley Ridge, sua cidadezinha natal, depois que sua melhor amiga, Corinne, desapareceu sem deixar rastros. De volta para resolver assuntos pendentes, Nic logo se vê imersa em um drama chocante que faz o caso de Corinne ser reaberto e remexe em antigas feridas. Logo ao chegar, Nic descobre que seu namorado da época está envolvido com Annaleise Carter, a jovem vizinha que foi o álibi do grupo de suspeitos para a noite do sumiço de Corinne. E então, poucos dias após a volta de Nic, Annaleise desaparece. Agora Nic precisa desvendar o desaparecimento de sua vizinha e, no processo, vai descobrir verdades chocantes sobre seus amigos, sua família e o que realmente aconteceu com Corinne naquela noite, dez anos atrás. Todas as garotas desaparecidas é um suspense psicológico impactante — contado de trás para frente. Quando você pensa que está seguindo por um caminho conhecido, Megan Miranda — autora revelação no gênero do suspense — vira tudo de cabeça para baixo e nos faz questionar até onde estaríamos dispostos a ir para proteger aqueles que amamos.
Carioca aquariana da gema, museóloga em Barretos (SP). Fã de Agatha Christie, descobriu diversos autores fantásticos ao longo da estrada da literatura policial. Ama café, livros e chocolate e é fácil de ser agradada!
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Grato pelo resumo
MAIS UMA ÓTIMA CRITICA
Obrigada, Danilo! Sempre prestigiando nosso trabalho!
Abs