No começo do século 20, Sherlock Holmes era tão popular que alguns achavam tratar-se de uma pessoa real sendo biografada naquelas histórias. Além de encantar leitores no mundo, vários autores se inspiraram no detetive de Arthur Conan Doyle para criar suas próprias aventuras literárias.
O gênero, que já era popular, alcançou seu auge com a Era de Ouro da Literatura Policial, Agatha Christie e as charadas whodunnit (quem matou) nas décadas de 1920 e 1930. Se pintasse alguém usando um chapéu de caçador e carregando uma lupinha na rua, pode apostar que era detetive (ou então estava imitando um).
O francês Maurice Leblanc foi um “discípulos” de Doyle, e contribuiu para popularizar o gênero na terra dos croissants. Em Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, fica evidente a fascinação do autor pelo cérebro privilegiado de Sherlock, bem como a vontade de derrotá-lo e de provar a superioridade intelectual dos franceses vs ingleses.
Arsène Lupin, o ladrão sarcástico e ultra inteligente de Leblanc, interage em duas histórias com um “Herlock Sholmes”, uma cópia do original londrino que acaba dando as caras em Paris para dar um basta nos roubos espetaculares de Lupin e de sua gangue. Leblanc até tentou usar o nome de Sherlock nas primeiras histórias, mas Doyle não gostou nadinha da “homenagem” e mandou que o nome fosse trocado por questões de direitos autorais (nos Estados Unidos, virou Holmlock Sholmes).
O livro, que foi originalmente lançado em 1908, vem com duas histórias, A Dama Loira e A Lâmpada Judaica, que já tinham sido publicadas antes na revista francesa Je Sais Tout.
Lupin “nasce” em 1905 para competir com Sherlock Holmes, que colecionava um público enorme de fãs (eles compravam tudo que saía sobre o detetive, e alguns até rumavam à Baker Street para procurar o apartamento de Sherlock e contratar seus serviços). Foi então que Leblanc criou o personagem sob encomenda a pedido do editor da revista onde trabalhava. Lupin recebeu o apelido de ladrão-cavalheiro, uma espécie de anti-herói que adorava roubar riquezas da burguesia e enganar a velha polícia francesa.
Os leitores o adoraram, talvez porque ele fosse o oposto do bom moço sherlockiano, um Robin Hood do início do século 20 que sabia se divertir, era sedutor, brilhante, mestre das fugas inexplicáveis e incapaz de ser domado por forças autoritárias.
O livro vem na edição bolso de luxo da Zahar, o segundo da série lançado pela editora, e ficou realmente lindo (até mais do que o primeiro, O Ladrão de Casaca), com capa dura e detalhe para Sherlock, ou melhor, Herlock, na sombra do grande e espetacular Lupin. Para quem gosta de histórias clássicas de detetive, a diversão está garantida.
* Exemplar cedido pela Editora Zahar
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SOBRE O LIVRO
Título: Arsène Lupin contra Herlock Sholmes
Autor: Maurice Leblanc
Tradução: André Telles, Rodrigo Lacerda
Editora: Zahar
Páginas: 312
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SINOPSE – Arsène Lupin é o ladrão de casaca mais famoso e admirado que o mundo já conheceu. Genial e sedutor, ele age de acordo com suas próprias leis, mas sempre obedecendo a um código de honra cavalheiresco. Nesse volume, o segundo da série, Lupin trava um inesquecível duelo com seu arquirrival, o detetive inglês Herlock Sholmes, em duas histórias mirabolantes e muito divertidas: “A Mulher Loura” e “A lâmpada judaica”. Levará a melhor quem for mais rápido – no poder de raciocínio e dedução ou, se necessário, com os punhos. Essa aventura de um dos personagens mais clássicos da literatura policial traz o texto integral em primorosa tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda – vencedores do Prêmio Jabuti -, apresentação e cronologia de vida e obra do autor. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]