Por Alexandre Amaral – Durante a vida, diversas vezes percebemos que o passado ajuda a moldar o nosso futuro, e há quem diga que nos arrependemos mais pelo que deixamos de fazer do que pelo que fizemos de fato. Até onde tal afirmação pode ser considerada verdadeira? E no momento em que o passado volta a ser determinante para o presente e futuro, e não há mais volta para qualquer arrependimento, como decidir entre o que é o certo e o que é preciso se fazer?. Memórias, disputas, manipulação, e uma dose de sociopatia recheiam o novo romance de Tess Gerritsen.
Os crimes estão relacionados a vítimas de crimes antigos, o que leva a narrativa a desvendar todo um passado aterrorizador para as vítimas e constrangedor para os que sabem sobre ele. Em todo o momento fica a dúvida se a justiça foi feita no passado ou está sendo feita no presente. De qualquer forma, a investigação segue um assassino que ainda não está satisfeito.
Mostrando todo o trabalho que envolve uma investigação complicada, o romance traz uma parte do efeito que os crimes têm sobre a família dos investigadores. Diversos fantasmas do passado surgem, para o mal, mas também para o bem. Em alguns momentos, é olhando para o passado que alguns fatos se reavivam e moldam o decorrer do romance. Mantendo como cenário a cidade de Boston, a autora acrescenta ainda algumas cidades próximas para complementar o campo de ações dos personagens.
Após dois assassinatos que mais parecem rituais, é através da simbologia dos santos mártires da igreja católica que tudo começa a se revelar (ou confundir ainda mais). Mas o efeito mais preciso que essas mortes possuem é o de revelar que outros crimes do passado que podem ter sido mal interpretados. E quando a investigação criminal aponta para o caminho certo, sabemos que é o momento em que os assassinos começar a agir mais rápido.
O romance possibilita uma leitura agradável e rápida. O desenrolar dos fatos é ágil e muito bem amarrado, sem deixar furos na história. Gerritsen faz jus a sua fama como escritora e convence no que tange ao elemento da investigação. É por ela que se chega aos fatos, apesar de algumas ajudas entre informações que chegam na hora certa e outras que tardam a aparecer, típicos do romance de investigação moderno. A história se encerra com uma promessa que de alguns personagens podem aparecer novamente, dando a entender que este não será o último livro da dupla de investigadoras de Boston.
Autora: Tess Gerritsen
Tradução: Roberto Muggiati
Páginas: 350
Editora: Record
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SINOPSE – Um antigo crime volta para cobrar mais vítimas no novo caso da detetive Jane Rizzoli e da legista Maura Isles. Cassandra Coyle, 26 anos, roteirista e produtora executiva de filmes de terror independentes, encontrada morta na cama de seu quarto com os dois globos oculares arrancados e deixados na palma de sua mão esquerda. Timothy McDougal, 25 anos, contador, encontrado morto na véspera do Natal num píer com três flechas enfiadas em seu peito nu. Dois homicídios completamente distintos com uma única relação: a causa da morte é uma incógnita. Resta à detetive Jane Rizzoli e à legista Maura Isles solucionar o mistério antes que o assassino faça sua próxima vítima.
Formado em Letras pela UERJ/FFP, é professor e pesquisador da literatura policial brasileira. Aprendeu a gostar de ler com Veríssimo, mas tem o hábito de dosar a leitura de Sherlock Holmes, com pena de que a obra acabe. Gosta de filosofia, história e futebol. De Niterói, RJ.
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