Nathan Bardel matou doze mulheres em Blessfield, não sem antes persegui-las, torturá-las e estuprá-las continuamente. Satisfazia-se em observar o pânico se manifestar no olhar das vítimas, vê-las implorarem para que não as matasse e, por fim, excitava-se com as vidas se esvaindo por seus dedos, enquanto as estrangulava e esfaqueava.
Apesar da demora em identificar o assassino, a polícia finalmente prende e julga Bardel, que é executado e morre na cadeia. Porém a cidade de Blessfield jamais esquecerá de seu filho mais infame.
Em “Eu vejo Kate: o despertar de um serial killer” (Editora Empíreo, 2015), Cláudia Lemes cria com competência uma atmosfera de medo desde o primeiro capítulo, reunindo um pequeno grupo de personagens para protagonizar a história que impactou de forma trágica a vida de tantas pessoas. A autora conquista o leitor com descrições chocantes dos crimes e a perspectiva da “volta” de um serial killer, alguém que copiará o modus operandi de Bardel até os detalhes mais bestiais.
A protagonista é Kate Dwyer, que está escrevendo uma biografia sobre Nathan revivendo seus passos, infância, onde trabalhou e quais mulheres vitimou. Para tanto, ela entra em contato com pessoas que participaram do caso e que se dispuseram a conversar sobre o assunto. Isso inclui o agente especial do FBI, Ryan Owen, um dos responsáveis pela captura de Bardel.
“Karen era doce e inocente… Ela manteve a esperança até o último momento, enquanto eu apertava sua vida, a respiração dela, enquanto seu rosto ficava vermelho, seus lábios abriam em busca de ar… Karen morreu inocente, eu acredito.”
O que era apenas uma suspeita se confirma quando uma nova onde de crimes é associada aos assassinatos de Bardel. Há outro serial killer em ação matando mulheres e provocando o terror nas redondezas, um autêntico copycat, e ele agora está atrás de Kate.
A terceira voz da trama é do próprio Bardel, que aparece como narrador de sentimentos presos em algum lugar onde lampejos de sua consciência sobrevivem após a morte do corpo. Até descobrirmos quem voltou a matar no mundo dos vivos, são as descrições das memórias de Nathan as que mais chocam pela crueldade.
O livro aborda um dos temas mais presentes nas discussões de hoje, a misoginia, o ódio às mulheres que se torna cada vez mais evidente na nossa sociedade. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 164 estupros por dia em 2018. Já o número de mulheres assassinadas foi de 4.473, ou uma mulher morta a cada duas horas no país. É esse ódio às mulheres um dos motivos que levam Bardel a assassinar desenfreadamente, um sentimento vil que parece impregnado na cultura.
Embora a história de Cláudia Lemes seja ambientada nos Estados Unidos, o tema que ela decide explorar leva à inevitável reflexão sobre a violência de gênero e aos perigos que é ser mulher em qualquer lugar do planeta. “Eu vejo Kate: o despertar de um serial killer” é uma daquelas leituras que parece ficção, mas retrata a mais pura realidade. Incrível e necessário.
* Livro enviado pela autora
Autora: Cláudia Lemes
Editora: Empíreo
Páginas: 310
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SINOPSE – Um ano atrás, Blessfield enterrou 12 mulheres vítimas do cruel serial killer Nathan Bardel. Ele foi julgado e executado. Antes que as feridas da cidade cicatrizassem, um novo assassino em série surgiu. Mais violento. Mais cruel. Com o mesmo método. E ele tem uma obsessão: ela. Kate é uma escritora imersa na produção da biografia de Nathan Bardel. O que ela não sabe é que ao mergulhar na sombria vida do assassino, ele próprio passa a acompanhá-la. Ele vê Kate. Ele lê Kate. Ela o investiga. Ele a decifra. À medida que se aprofunda nos mistérios de Bardel, a escritora desperta outro assassino. Agora, sua vida corre perigo. Desde que Kate decidiu escrever a história de sua vida e de seus assassinatos, Nathan Bardel percebeu que mesmo morto poderia acompanha-la. Quando ele descobre que um novo assassino está imitando seu método de assassinatos, fica furioso. Agora ele tem uma nova meta: encontrar o imitador. Um agente especial do FBI com o talento de observar a cena de um crime e definir o perfil do criminoso, Ryan é um dos melhores profilers do país. Mas sua experiência será colocada à prova na busca por um novo serial killer que não deixa pistas. Ryan – que está com a carreira ameaçada – se vê numa investigação que pode terminar de forma trágica.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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