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Em Jogo de Cena, Andrea Nunes aborda a crise energética mundial

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Jogo de Cena, de Andrea Nunes, será lançado durante a Primavera Literária Brasileira, em Portugal

 

DIVULGAÇÃO – A pequena cidade de Mangueirinhas, interior de Pernambuco, nunca mais voltou a ser a mesma desde que o suposto suicídio do boticário francês Michel Simon, seguido por violentos assassinatos atribuídos a seres do folclore, abalaram a tranquilidade dos dias, colocando a população à beira da histeria coletiva. Os crimes, acrescidos de doses de misticismo religioso, alquimia, contrabando de minério, organizações secretas e seus interesses escusos, além de um sigiloso projeto de fusão nuclear alimentam e dão ritmo à narrativa do livro Jogo de Cena, romance de espionagem da escritora Andrea Nunes. O título, da Cepe Editora, será lançado durante a 6ª edição do Printemps Littéraire Brésilien (Primavera Literária Brasileira), em Portugal, entre os dias 27 e 30 de maio. O lançamento no Recife acontecerá no dia seis de junho, a partir das 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe).

Jogo de Cena é o terceiro título de Andrea Nunes, uma das poucas escritoras brasileiras a enveredar pelo gênero do suspense – pouco menos de 30 mulheres no radar da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial e Terror (Aberst). Autora de outros dois títulos que seguem a mesma linha, Código Numerati – conspirações em rede (2010) e A corte infiltrada (2014), Andrea Nunes investe em temáticas contemporâneas referenciando fatos em seu texto ficcional.

Em seu mais recente livro, o esgotamento das reservas de petróleo e o mais arrojado projeto de pesquisa de fusão nuclear hoje curso (capaz mudar a matriz energética mundial) inspiram a trama ambientada no Agreste pernambucano, Recife e França.

Como protagonistas, Alexandra, delegada de Mangueirinhas, e seu irmão indireto, o historiador Pedro, tentam desvendar os sucessivos crimes – surpreendentemente conectados – a partir de pistas deixadas por Michel Simon em um livro secreto. Em uma teia de intrigas, ação e espionagem, o romance mergulha nos mistérios da alquimia (e a busca pela Pedra Filosofal) e na tecnologia de ponta, apresentando como personagens instituições conhecidas dos leitores, como o Sistema Brasileiro de Inteligência, a Eletronuclear, o Centro de Fusão Nuclear Experimental (Iter, na França) e a obscura Skull and Bones, que tem entre seus membros ex-presidentes dos Estados Unidos e da CIA. No cerne de toda a história, o Brasil e soberania nacional.

Paraibana radicada em Pernambuco, Andrea Nunes é promotora de Justiça do Ministério Público do Estado especializada no combate à corrupção. É membro da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba e também autora dos livros O Diamante cor-de-rosa (infantojuvenil), O épico papel crepom (romance), Terceiro setor, controle e fiscalização (jurídico), além dos já citados A Corte Infiltrada e O Código Numerati (romances policiais).

Acompanhe abaixo trechos da entrevista com a autora.

 

 

O gênero suspense ainda é pouco explorado por mulheres no Brasil. O que a levou a ele e o quanto o gênero a completa enquanto escritora?

Costumo dizer que a diversidade dos gêneros literários escritos por mulheres avança numa proporção muito semelhante ao protagonismo que a mulher assume em diversos papéis na sociedade. Como promotora de Justiça de combate à corrupção, tenho a dádiva de circular em espaços de poder político e poder repressivo policial desconhecidos para a maioria das escritoras que vieram antes de mim. Assim, poder construir narrativas ficcionais onde exploro os cenários, curiosidades, contradições e tensões que permeiam esse universo é, efetivamente, fascinante. Posso concluir que, apesar de ser uma leitora contumaz de literatura policial desde a adolescência, sem dúvida, a profissão que adotei me aproximou mais ainda do estudo do crime. Desbaratar esquemas criminosos nas páginas dos processos de investigação é uma missão que me honra muito. Mas fazer isso nas páginas dos livros é extremamente divertido.

 

Contemporaneidade e grandes temas são elementos encontrados em suas narrativas. Gostaria que você falasse um pouco sobre essa constância em seu texto.

A literatura policial, pelo seu formato mais acessível ao público em geral, é um veículo excelente para diluir provocações filosóficas e inquietações sociais que precisam chegar ao conhecimento da população. Através de uma boa história de suspense, arrebatamos o leitor da sua rotina pela fantasia, mas também o devolvemos intensamente ao seu tempo, circundando a história com as questões do seu país e do mundo contemporâneo. Assim deve ser o bom suspense erudito: veloz e envolvente o suficiente para competir com diversas opções de entretenimento mais superficiais, mas também profundo o bastante para que a leitura agregue valor e densidade cultural para quem lê. Meus livros não oferecem respostas prontas sobre os temas contemporâneos relevantes que trazem como pano de fundo. Mas fico imensamente feliz que tenham conseguido trazer uma infinidade de novas perguntas.

 

Jogo de Cena traz como pano de fundo a questão do esgotamento do petróleo enquanto matriz energética mundial, abordando também o maior projeto em curso de fusão nuclear. Por que a escolha da energia como tema central?

O que as manifestações dos coletes amarelos na Europa e as paralisações de caminhoneiros no Brasil têm em comum, além de terem sido manifestações sociais recentíssimas com grande destaque da mídia e preocupação da população? É que ambos trazem como tema central os preços de combustíveis fósseis. Isso nos mostra que o mundo precisa compreender e se posicionar, com grande urgência, sobre a crise dos combustíveis, descobrindo que interesses estão em jogo neste mercado estratégico e bilionário, e como os espiões dos governos, os cientistas e as empresas estão se movendo nos bastidores para lidar com esse problema.

 

Como foi o processo de gestação de Jogo de Cena? Quanto tempo, ritmo de escrita, pesquisas….

Jogo de Cena é o meu maior livro. O que “decantou” mais tempo, nesses quatro anos que o texto amadureceu. Ele teve uma versão mais curta escrita há três anos, uma espécie de rascunho. Nesse ínterim, outras coisas foram acontecendo, minha pesquisa sobre energia foi aprofundando e a narrativa foi sendo enriquecida. A parte da espionagem governamental foi mais fácil, pois os personagens e cenários descritos não estão distantes da minha realidade profissional. De resto, lapidei muita coisa em pesquisa posterior, desde a simples descrição de um prato à inserção de alguns novos personagens, passando por alguns títulos que descartei, tudo para que a história melhorasse a cada dia. No fim, acho que o resultado final ficou realmente muito bom.

 

Costumo dizer que a diversidade dos gêneros literários escritos por mulheres avança numa proporção muito semelhante ao protagonismo que a mulher assume em diversos papéis na sociedade.

 

Qual a sua expectativa em relação ao livro, à receptividade dos seus leitores?

Quando um filho nasce, a gente imagina muita coisa para ele. Não é diferente com um trabalho desses, onde você passa alguns anos aperfeiçoando detalhes, colocando sua alma nas pontas dos dedos. Você olha o rebento e acredita no potencial. Mas sabe que vai ser interagindo com o mundo que ele vai construir a história dele. A minha imensa sorte é que eu tenho os melhores leitores do mundo: essa gente generosa, espirituosa e inteligente que me deu guarida em suas estantes. Eu só posso imaginar que vão amar essa nova experiência e vão se divertir tanto nela quanto eu me diverti preparando tudo.

 

Andrea Nunes escritora e Andrea Nunes promotora de Justiça. Como e de que forma uma influencia a outra?

A promotora e a escritora são personagens distintas, mas originárias de uma única menininha que era filha de professores universitários. A mãe da menininha era artista e tinha parentesco com o poeta Augusto dos Anjos. O pai da menininha tinha ficha no Dops e fora preso na ditadura militar. O lar da menininha vivia abarrotado da poesia maldita e dos livros proscritos. Essa história de vida incomum possibilitou herdar, no espírito, o traço mais marcante da sua criação: um respeito reverente pela palavra e pela liberdade de expressão. E essa era uma herança tão preciosa para dar conta que a menininha precisou bifurcar em duas. Então, ela se transformou numa escritora para levar ao mundo a narrativa que traduz a vida com as lentes do encantamento. E a promotora tenta mudar o mundo para torná-lo mais justo e digno como seu pai um dia ensinou que deveria ser. Essas duas personagens lutam em campos distintos, mas com a mesma arma: a palavra. E assim se influenciam mutuamente, todos os dias.

 

Novos projetos em curso?

Já comecei as pesquisas para o livro novo. É a fase onde eu destruo meus criados-mudos, que ficam empenados com tanta leitura de cabeceira. Escrevi as primeiras páginas e defini os personagens principais. O resto ainda é segredo….

 

SOBRE O LIVRO

Título: Jogo de Cena – Romance de Espionagem
Autora: Andrea Nunes
Páginas: 307
Editora: Cepe
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SINOPSE – A morte de um boticário francês na fictícia cidade de Mangueirinhas desencadeia uma sucessão de outros crimes aparentemente provocados por assombrações do folclore nordestino, levando a pacata população local a um estado de histeria coletiva. Para solucionar tais crimes, a delegada da cidade precisa superar as desavenças que cultiva com o filho de seu padrasto, um historiador que regressou à cidade, mas que renega o parentesco e as origens. Num romance policial eletrizante, Andrea Nunes utiliza informações verídicas sobre o mais ousado projeto científico da humanidade e traz revelações sobre a crise mundial do Petróleo, numa obra recheada de estratégias de espionagem, ação, suspense e reviravoltas, arrematando, como sempre, com um final desconcertante para o leitor.

 

* Press release enviado pela Editora Cepe.

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