Em geral, temos o hábito de misturar a vida pessoal de artistas com a qualidade de sua obra. Quando se trata de Jim Morrison, essa tendência pode ser questionada, especialmente após a leitura de Ninguém Sai Vivo Daqui.
Escrito pelo jornalista Jerry Hopkins e Danny Sugerman, confidente e assessor dos Doors, o livro retrata o lendário vocalista como uma figura dividida: uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde dos anos 1960.
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Por um lado, é inegável o talento de Morrison como artista e poeta. Suas letras continuam cativando novas gerações de fãs da banda The Doors. Por outro, a biografia expõe um lado sombrio de sua personalidade, que muitas vezes ofusca o mito.
Sua vida é narrada de forma cronológica, oferecendo aos leitores um vislumbre raro sobre aspectos pouco explorados, como sua relação com a família – algo que ele evitava discutir após a fama, em um esforço deliberado para se desvencilhar de qualquer vínculo com autoridade.
Morrison é descrito como um homem que se recusava a aceitar limites. Alcóolatra e rebelde, parecia buscar sempre algo além da realidade, algo que o permitisse criar e viver sem as restrições impostas pela sociedade.
Com um carisma magnético e uma inteligência afiada, ele manipulava situações a seu favor, mas sua relação com a fama foi conturbada. Se, por um lado, essa fama trouxe admiração, também trouxe responsabilidades e controle, algo que ele detestava profundamente.
O livro não poupa detalhes sobre os episódios polêmicos de sua vida: os shows prejudicados por embriaguez, seu comportamento errático e suas relações muitas vezes conturbadas com mulheres e com a banda. Essas histórias contribuíram para o sucesso estrondoso do livro, lançado em 1980, e ajudam a construir uma imagem multifacetada de Morrison.
Mas por que Jim Morrison continua fascinando o público mais de cinco décadas após sua morte? Talvez porque ele desafiou o status quo. Suas letras poéticas e provocativas instigavam seus fãs a pensar por si mesmos, a questionar as normas e as estruturas de poder. Artistas assim são perigosos – e memoráveis.
Uma das últimas fotos de Morrison, 1971
No final, o que fica para mim é o artista. Morrison, o poeta, permanece vivo em sua obra, mesmo que o homem tenha falhado em muitos aspectos. Sua poesia, carregada de liberdade e inquietação, continua ressoando e não dá sinais de desaparecer. Afinal, é isso que transforma artistas em lendas.
SOBRE O LIVRO
Título: Ninguém sai vivo daqui
Autores: Danny Sugerman, Jerry Hopkins
Páginas: 440
Editora: Novo Século
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Conheça a vida, a arte e os segredos de Jim Morrison, protagonista de uma das mais impressionantes tragédias modernas. A biografia Ninguém sai vivo daqui é o resultado de sete anos de escrita, e mostra em toda sua complexidade o cantor, filósofo, poeta, delinquente e fundador do The Doors. Escrito por Jerry Hopkins, autor de Elvis: the biography, e Danny Sugerman, confidente e assessor dos Doors, o livro tornou-se best-seller do The New York Times, com mais de 2 milhões de exemplares vendidos e serviu como principal fonte do filme de Oliver Stone, The Doors.
Ana Paula Laux é jornalista e trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]