Se você é fã de mistério, certamente já se deparou com as fascinantes histórias de Agatha Christie. Mas você sabia que, além de ser a Rainha do Crime, Christie usou sua habilidade literária para combater o nazismo de uma maneira nada convencional?
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Pois é, enquanto o mundo estava mergulhado em uma das guerras mais devastadoras da história, Agatha usou suas palavras como uma forma de resistência.
Seus livros não eram apenas tramas de assassinatos e intrigas, mas também uma poderosa ferramenta para enfrentar a tirania que se espalhava pela Europa. E o melhor de tudo: ela fez isso de forma brilhante, sem alarde, com sua marca registrada de sutileza e inteligência.
Neste artigo, vamos explorar como Agatha Christie, por meio de suas histórias de mistério e personagens icônicos, se tornou uma voz de resistência contra o mal que ameaçava o mundo.
(1940: Um menino aponta seu quarto para amigos, depois que sua casa foi destruída durante um bombardeio em Londres – Getty Images)
Durante a Segunda Guerra Mundial, Agatha Christie estava bem ciente da situação mundial. Londres, sua cidade natal, era um dos alvos mais visados pelos bombardeios alemães. No entanto, ao contrário de muitos escritores da época que usaram a guerra como tema direto, Agatha preferiu uma abordagem mais sutil.
Ela não se limitou a escrever apenas livros de mistério; ela os usou como uma ferramenta para enviar mensagens ocultas, denunciar os inimigos e inspirar a resistência. Como uma espiã literária, suas palavras se tornaram um convite para que os leitores se mantivessem alertas e prontos para lutar contra o mal.
Um dos personagens mais emblemáticos de Agatha Christie, Hercule Poirot, o brilhante detetive belga, tem uma conexão direta com os eventos da Primeira Guerra Mundial.
Sua origem belga fazia dele um símbolo do sofrimento da sua terra natal, que foi invadida pelas forças alemãs. Poirot, assim como a própria Agatha, era um lembrete constante do mal que o regime nazista estava tentando impor à Europa.
Em 1941, Agatha Christie escreveu M ou N? , um dos livros mais marcantes de sua carreira, que abordava diretamente a espionagem e a luta contra os agentes nazistas. A trama segue o casal de detetives Tommy e Tuppence Beresford em uma missão secreta para desmascarar espiões nazistas infiltrados na Inglaterra.
O cenário da Segunda Guerra Mundial é palpável nas páginas, e os leitores podem sentir a tensão crescente à medida que os personagens se aproximam da verdade.
Tommy e Tuppence não são apenas detetives. Eles são uma representação da resistência britânica — corajosos, inteligentes e dispostos a enfrentar qualquer perigo em nome do país. Em um dos momentos mais tensos do livro, eles se deparam com uma rede de espiões cujas identidades são difíceis de distinguir.
“O inimigo está entre nós”, parece ser o aviso subliminar de Agatha Christie, lembrando ao público que a luta não é apenas contra os soldados inimigos, mas contra as ameaças que podem se esconder nas sombras, em qualquer esquina.
Mas a história de Agatha Christie como uma combatente da guerra não se limita aos seus livros. Sua própria casa, Greenway House, desempenhou um papel fundamental na segurança de civis durante a Segunda Guerra Mundial.
Localizada em Devon, essa casa não era apenas o refúgio literário da autora, mas também se tornou um ponto estratégico durante a guerra.
Em um momento em que a Grã-Bretanha estava sendo devastada pelos bombardeios, muitas crianças foram evacuadas das grandes cidades para áreas mais seguras.
Agatha Christie abriu as portas de sua casa para abrigar algumas dessas crianças, oferecendo um refúgio seguro durante os intensos ataques aéreos. Esse ato de solidariedade reflete o espírito de resistência e cuidado com os civis que a autora tanto valorizava.
Mas a história de Greenway não termina aí. De 1944 a 1945, a Guarda Costeira dos EUA requisitou a casa de Agatha Christie como base para suas operações militares. Durante esse período, a propriedade se transformou em um centro estratégico, onde oficiais norte-americanos se alojaram e coordenaram suas ações na luta contra os nazistas.
A própria Agatha, sempre discreta e com uma visão clara do que estava em jogo, viu sua casa se tornar um símbolo de união e resistência contra a tirania.
Embora Agatha Christie seja amplamente reconhecida como uma das maiores escritoras de mistério de todos os tempos, sua contribuição para a resistência contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial é muitas vezes subestimada.
Ela não apenas ajudou a manter o moral dos britânicos elevado com suas histórias, mas também fez um trabalho invisível e sutil para apoiar a luta contra o inimigo. Com suas obras, ela não apenas entreteve, mas também educou, inspirou e fortaleceu a resistência.
Seus livros não se limitavam a simples tramas de assassinatos. Eles eram lições sobre como a inteligência, a perspicácia e a coragem podem derrotar o mal. O próprio ato de escrever foi, para Agatha Christie, uma forma de protesto silencioso contra as forças da opressão.
Ela usou sua escrita para plantar sementes de coragem em seus leitores, lembrando-os de que a guerra não era apenas uma luta física, mas também uma batalha moral.
Hoje, Agatha Christie é celebrada não apenas por sua contribuição à literatura de mistério, mas também pelo legado que deixou em tempos de guerra.
Seus livros continuam a ser lidos e amados por milhões, mas é importante lembrar que, além de suas tramas intrigantes e personagens inesquecíveis, Agatha foi uma defensora da verdade e da justiça, disfarçada sob o manto de ficção.
E quem sabe, talvez em cada um de seus livros, existam ainda ecos da resistência que ela representou durante um dos períodos mais sombrios da história.
(Imagem criada por IA)
Ana Paula Laux é jornalista e trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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