* Atualizado em 22/06/2019
Percebeu como tem gente postando fotos da própria caligrafia na internet? Uma das hashtags mais populares do momento é #minhaletracursiva (ou ainda #aletrasdaspessoas ou #cursiva), e tem como objetivo compartilhar essa prática meio esquecida em plena era dos e-mails, teclados e impressoras: o de escrever usando a velha caneta esferográfica de guerra.
A brincadeira começou quando a ilustradora e quadrinista Clarinha Gomes publicou a seguinte mensagem nas redes sociais:
A ideia viralizou e levou milhares de pessoas a postarem “selfies” de suas caligrafias. O teor das notas varia: vai de mensagens casuais e sonhos pessoais a poemas, letras de música ou ainda lembranças saudosistas.
Na onda da brincadeira, procuramos registros da caligrafia de escritores que sabem criar histórias de suspense como ninguém, mas que nem sempre têm uma letra redondinha.
“Nós todos flutuamos aqui embaixo”, diz a dedicatória. Stephen King não tem a melhor caligrafia do mundo, mas até que dá pra entender.
A carta rara mostra a letrinha de médico de Agatha Christie, numa mensagem escrita em 20 de abril de 1961, na Inglaterra. Agatha usa uma esferográfica azul básica para declinar um pedido de publicidade do Escritório Central de Informação. A carta é endereçada a um Senhor Kittermaster.
Letra do escritor mineiro Mario Prata, na dedicatória do romance policial “Os Viúvos”, segundo livro com o detetive Ugo Fioravanti.
Na dedicatória de “O Leopardo”, dá pra descobrir a caligrafia marcadinha do escritor norueguês Jo Nesbo.
Arthur Conan Doyle escreveu essa carta para o editor de um jornal em 30 de setembro de 1895. A mensagem expressava a preocupação dele com relação ao livro “Strange Secrets” (Segredos Estranhos), que estampava seu nome na capa porém trazia apenas um texto entre a coletânea oferecida. Letra inclinadinha a de Sir Sherlock, não?
A mensagem de Raymond Chandler é um recado para sua esposa, Cissy, escrito em 1939. Na dedicatória, ele escreve: “Para a minha Cissy, que queria algo muito melhor, mas ficou satisfeita com isso mesmo”.
Harlan Coben e sua letra estilosa. E azul.
Esta carta de JK Rowling foi escrita em 1998, para um fã chamado Thomas. Ela agradecia os votos de boa sorte na premiação “Guardian Children’s Fiction Prize”. Na época, a autora começava a fazer sucesso com Harry Potter e o primeiro livro do personagem, o grande sucesso da carreira até então. Hoje, Rowling tem investido no gênero policial, e já publicou quatro livros com o detetive particular Cormorant Strike.
Não parece, mas é! Na carta de Georges Simenon à esquerda, datada de 31 de janeiro de 1959, ele escreve para alguém chamado Albert-Jean desculpando-se pela resposta tardia – “Eu estava trabalhando no meu romance” – e diz que esperava a visita de um amigo em alguns dias. Ao lado a caligrafia do filho do escritor, John Simenon. Parecidas?
(Imagens: Icollector, Vintage Memorabilia, Shotsmag, Wikimedia, NYT, Historical Autographs, Broadsheet)
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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