Por Ana Paula Laux – Uma trama moldada para o cinema. Fiquei com essa impressão ao acabar a leitura de “Jack, O Estripador em Nova York”, romance policial de Stefan Petrucha lançado pela Editora Vestígio. O escritor é norte-americano e mais conhecido pelo trabalho com quadrinhos e graphic novels – principalmente de ficção científica e terror. Mas do que trata o livro?
Estamos falando da reaparição do ripper Jack, o assassino em série mais famoso da história e jamais capturado pela Scotland Yard. Matando mulheres numa Nova York de 1895, ele apavora a população depositando corpos pela cidade e enviando mensagens insolentes para o jornal local, tal como aconteceu em Londres sete anos antes.
Para detê-lo, entram em cena o órfão Carver Young, um adolescente que sonha em virar detetive, e o excêntrico Albert Hawking, um dos fundadores da famosa Agência de Detetives Pinkerton. Hawking treina e incentiva o jovem a usar seus sentidos para aprender a profissão. Primeiro, ele ajuda a encontrar o pai biológico de Carver, e depois o orienta na caça ao serial killer. Carver também recebe a ajuda da aprendiz de jornalista Delia e do problemático Finn, ex-moradores do orfanato Ellis.
Voltada para um público mais juvenil, a trama diverte, tem ação e faz referência a nomes famosos e fatos históricos, como o comissário de polícia e ex-presidente Theodore Roosevelt, uma espécie de xerifão incorruptível. A Agência Pinkerton também existiu! Foi fundada em 1850 nos Estados Unidos, e é por causa dela que foi criado o termo “private eye”, uma gíria bem popular para designar ‘detetive particular’ em inglês. Aliás, fãs de Dashiell Hammett devem lembrar que ele foi o funcionário mais famoso dessa agência, pois trabalhou sete anos como detetive particular lá.
Carver é fã de Sherlock Holmes, Allan Quatermain e Nick Neverseen, é rápido e eficaz na solução das charadas e tem a impetuosidade de um adolescente. Na Pinkerton, ele aprende a operar máquinas bem modernas pra época, como pistolas automáticas, sistema de tubulação de voz, máquinas analíticas (bisavós do computador), elevadores pneumáticos e carros elétricos. Algumas realmente existiam em 1895, mas outras foram inventadas apenas décadas depois, como o próprio autor explica no glossário. Em conflito com as descobertas que faz, ele tenta corresponder às expectativas de seu mentor Hawking, um homem com hábitos estranhos que vive num hospício e testa seus limites até o fim.
Munido de referências declaradas – seu mentor Albert Hawking (um misto de Albert Einstein com Stephen Hawking?), a agência Pinkerton, uma tal de Ilha Blackwell e até os peixinhos dourados na fonte da agência secreta (Peixinhos Dourados é o nome de um famoso conto de Raymond Chandler, de 1936) – “Jack, O Estripador em Nova York” entretém e é pra ser lido numa tacada só.
Título: Jack, o Estripador em Nova York
Autor: Stefan Petrucha
Páginas: 228
Editora: Vestígio
Ano: 2015
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SINOPSE: Carver Young sonha ser um detetive, apesar de ter crescido num orfanato, tendo apenas romances policiais e a habilidade de abrir fechaduras para estimulá-lo. Entretanto, ao ser adotado pelo detetive Hawking, da mundialmente famosa Agência Pinkerton, Carver não só tem a chance de encontrar seu pai biológico como também se vê bem no meio de uma investigação de verdade, no encalço do cruel serial killer que está deixando Nova York em pânico total.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]
Oi Ana Paula,
Obrigada pela resenha, adorei!
Tô muito a fim de ler este livro, pela temática, mas vc escreve que é mais pra jovens. Como é a linguagem, vale a pena pra um adulto também?
Não tenho preconceito contra literatura pra jovens adultos, pelo contrário, mas já me decepcionei muito com autores como John Green, super badalados, e que me pareceram meio bobos, com uma escrita chata.
Você recomendaria este para um adulto?
Obrigada!
Beijos
Oi Adriana!
Achei o livro bem divertido, tem umas tiradas criativas e legal pra quem curte referências históricas (eu adoro!). Não achei a linguagem superficial, mas não é um romance profuuundo, questionador, nada no estilo Padura nem Mankell por exemplo. Acho que nem é a proposta do autor ser profundo, mas sim entreter. Recomendo nessa categoria.
Beijos!
Ana
Obrigada, Ana!
Adoro suas resenhas. Vou ler o livro, deve ser bem divertido.
Beijos e feliz dia das mães,
Adri
Também gostei do livro, entretenimento para todas as idades. Tem uma sequência já editada nos USA, acredito que logo teremos uma nova aventura de Carver Young por aqui.