Por Wilson Brancaglioni – A trilogia Millennium, do aclamado escritor Stieg Larsson, formou uma das melhores personagens da literatura. Uma hacker chamada Lisbeth Salander, cuja aparência é de uma menina frágil e indefesa, mostrou ao longo dos romances que estávamos totalmente enganados.
A construção de Lisbeth Salander foi baseada na personagem de livros infanto-juvenis Pippi Meialonga, cuja história é de uma menina que mora numa casa sozinha na Villa Villekulla.
“… uma jovem pálida, de magreza anoréxica, com cabelos quase raspados e piercings no nariz e nas sobrancelhas. Tinha a tatuagem de uma vespa no pescoço e uma faixa tatuada ao redor do bíceps do braço esquerdo. […] ela tinha uma tatuagem maior na omoplata, representando um dragão. Originalmente ruiva, tingira os cabelos de preto. […] Tinha vinte e quatro anos, mas parecia ter catorze.” (LARSSON, S. 2005, p. 42)”.
Lisbeth Salander é uma das personagens mais fascinantes que já li. Ela que foi oprimida e subjugada por querer proteger a mãe de um pai cuja violência era desmedida. Foi jogada num hospital psiquiátrico, cuja sentença estava confirmada e provavelmente de lá nunca mais sairia.
De um pai violento e a permanência num hospital psiquiátrico surge como uma fênix, uma mulher que não confia em ninguém, não acredita em nada e é dona de si mesma. A tecnologia, mais precisamente a Internet, a salva de um futuro condenado. Inteligente e com memória fotográfica, presta serviços para uma empresa de espionagem corporativa.
Como diria Zygmunt Bauman em Modernidade Líquida, Lisbeth Salander é fluída e sem fronteiras, exatamente como a Internet proporciona. É difícil defini-la, inclusive no quesito sexualidade, pois ela transita de forma líquida em duas fronteiras, homem e mulher. Ela vive à margem da sociedade e utiliza a Internet para navegar pelos misteriosos e obscuros caminhos de uma sociedade que com certeza não a aceitaria.
Lisbeth parece frágil e indefesa, porém, é uma mulher que faz justiça utilizando os meios tecnológicos. Não mede esforços para conseguir a sua justiça. As marcas que os homens fizeram nela são vítimas de sua vingança e faz questão de subjugá-los e lembrá-los que ela estará vigiando cada passo de seus algozes. A impressão que tenho é que cada tatuagem que possui, ou mesmo os piercings, são referências às lutas que teve durante a sua vida. Uma marca para lembrá-la dos tempos difíceis.
Lisbeth Salander é uma personagem muito difícil de entender, afinal, passou por vários momentos terríveis que culminariam em visitas a psiquiatras e psicólogos, no entanto, uma força desconhecida moveu essa personagem de modo que ela fosse cultuada pela força que possui. Lisbeth Salander é a representante de uma nova mulher que rompe as amarras do machismo e libera uma força desconhecida pelos homens, que terão que aprender a viver com esse novo modelo de mulher. Adoro essa personagem.
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WILSON BRANCAGLIONI – Formado em Letras e bancário por profissão. Tem 39 anos e ama livros. Um dos gêneros preferidos é a literatura policial. Site: Estante do Wilson
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Ana Paula Laux é jornalista e trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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Adoro essa personagem, com seu lado sombrio e sua inteligência, acabou sendo o centro das atenções, dos livros e dos filmes. A respeito das tatuagens, também concordo, cada uma tem seu significado ligado á seus atos e consequências do passado.
Parabéns pelo belo texto.
Adorei o Blog!!!
Obrigada Maga! Amamos Lisbeth por ser uma personagem corajosa e inspiradora. Beijos!