Desaparecidas, de Tess Gerritsen

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Por Rodrigo Padrini – Alguns livros simplesmente caem em nossas mãos sem que precisemos fazer qualquer esforço. Acreditamos naquela indicação, iniciamos a leitura, nos surpreendemos e agradecemos ao fim àquela bela pessoa que nos proporcionou esse prazer literário. Foi assim com o suspense Desaparecidas (Editora Record, 2008) da autora Tess Gerritsen, um livro que rapidamente irá te fisgar.

Tess Gerritsen nasceu em 12 de Junho de 1953 nos Estados Unidos e abriu mão da medicina para se dedicar à literatura. Escreve o que podemos chamar de suspense médico ou thriller médico, uma categoria bem interessante e que eu não conhecia até então. Tendo publicado o seu primeiro romance em 1987, Tess conquistou a crítica e o público com o seu livro Harvest em 1996, ainda não publicado no Brasil. Outros títulos como O Cirurgião (2005), O Pecador (2006), O Dominador (2005) e Dublê de Corpo (2007), publicados em português pela Editora Record, estão entre as principais obras da autora.

Sem seguir uma ordem exata ou qualquer sequência cronológica, iniciei minha experiência com a sua obra na leitura de Desaparecidas (foi o quinto livro da autora publicado por aqui), conhecendo personagens já apresentados em romances anteriores, mas, vamos ao que interessa. Nos três primeiros capítulos temos a preparação de um belo enredo.

Começamos o livro com o relato de Mila, uma jovem da Bielo-Rússia que narra o seu drama ao tentar entrar clandestinamente nos Estados Unidos, acreditando no que seria uma oferta de emprego, junto com outras jovens que buscam cruzar a fronteira e começar uma nova vida. Estamos em um cenário árido, de abandono e entrega à própria sorte. Em poucas páginas temos o que, no fim, fará todo o sentido.

Em seguida nos vemos na mente da Dra. Maura Isles, no laboratório de perícia médica de Boston. Estamos inspecionando cadáveres em ambientes frios e inóspitos, e nos chocamos incrédulos ao presenciar a “ressurreição” de um deles. Um barulho, uma leve respiração. Está viva! Uma jovem bonita e aparentemente morta abre os olhos e é levada às pressas para o hospital. Ela é agressiva, difícil de ser controlada e, o pior, ninguém sabe quem ela é.

Em terceiro lugar, estamos em um tribunal e conhecemos a detetive Jane Rizzoli, que participa de um julgamento tenso e desgastante, grávida de nove meses. O clima quente e tumultuado dá espaço ao evento que conectará todos os personagens apresentados até o momento em uma única trama.

A partir daí, Tess nos apresenta uma série de eventos surpreendentes e angustiantes. Até o fim do livro, lidaremos com a troca de narradores e a genialidade de uma história delicadamente montada como um quebra-cabeça, daqueles que só distinguimos sua forma ao introduzirmos a última peça.

 

“O primeiro tiro seria apressado. Ele atiraria no tórax, não na cabeça. Não importando o que, apenas continue se movendo, pensou, continue atacando. Uma bala demora a matar, e mesmo um corpo caindo tem o seu ímpeto.”

 

Este é o quinto livro de uma série de romances com a detetive Jane Rizzoli e a doutora Isles (existe uma série de TV baseada na dupla desde 2010, já com seis temporadas no canal TNT), e talvez o único aspecto que tenha tornado minha leitura quase, quase excelente.

Apesar de a autora contextualizar muito bem os personagens, com ênfase para Jane Rizzoli, Maura Isles, Gabriel Dean e outros detetives do Departamento de Polícia de Boston, acredito que me sentiria mais familiarizado se tivesse lido os romances anteriores. Por se tratar de uma série, fico com a sensação de que pegamos os personagens no meio do caminho e lidamos inclusive com breves menções a investigações anteriores que quem não leu não conhece.

Para começar a sanar este problema, já adquiri O Cirurgião (Editora Record, 2005), o romance que apresenta uma de nossas protagonistas, a detetive Jane Rizzoli. Em breve estarei em dia. Para os dois títulos, a edição da Record traz livros muito bem acabados, com capas belíssimas e material de ótima qualidade. Para aqueles que costumam julgar um livro pela capa, Desaparecidas é um prato cheio.

Por fim, recentemente li o fabuloso manual Sobre a Escrita (Suma de Letras, 2015), de Stephen King e, após ler apenas algumas páginas do livro de Tess Gerritsen, identifiquei dicas salutares de King colocadas em prática. Este suspense médico traz diálogos dinâmicos, descrições suficientes, linguagem simples e prática, e o ritmo ideal de uma leitura agradável e envolvente. Não há como questionar a eficiência da autora em fazer com que suas 381 páginas pareçam apenas 100. É essa a sensação quando terminamos a leitura. Um revigorante passeio.

Coincidência ou não, eis a fala de Stephen King sobre a autora: “Tess Gerritsen é leitura obrigatória em minha casa”.

(Imagens: Rodrigo Padrini, divulgação)

 

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desaparecidas1Título: Desaparecidas (Original: Vanish)
Autor: Tess Gerritsen
Editora: Record
Páginas: 384
Este livro no Skoob

SINOPSE – Aquela mulher parecia ser mais um corpo na mesa fria do necrotério. Mas quando a legista Maura Isles inspeciona o cadáver, algo assustador acontece: a mulher abre os olhos. Ainda viva, ela é levada rapidamente para o hospital. Mas o bizarro logo se transforma em perigo. Com uma precisão chocante, ela mata um segurança e faz reféns… um deles, uma paciente grávida. Quem é essa pessoa violenta e desesperada, e o que ela quer?

 

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1 comentário em “Desaparecidas, de Tess Gerritsen”

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