Por Rodrigo Padrini – Como bem diz o título, são as primeiras impressões. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Espero que não. No último dia 15 de outubro, estreou no canal GNT a série Romance Policial: Espinosa, uma adaptação televisiva inspirada no livro “Uma Janela em Copacabana” (Companhia das Letras, 2010), de Luiz Alfredo Garcia-Roza (já escrevi uma resenha sobre ele aqui no site). A série tem como protagonista o famoso Delegado Espinosa, um possível quarentão introspectivo, apreciador de comidas congeladas, mulheres e livros.
Me considero um fã de literatura policial, porém, tive apenas um breve contato com o Delegado Espinosa e a obra policial de Garcia-Roza, lendo propositalmente antes o livro que inspirou a série em questão. No entanto, creio ser suficiente para apresentar uma crítica construtiva sobre sua adaptação televisiva. Assisti ao primeiro episódio acompanhando freneticamente a hashtag #EspinosanoGNT no Twitter e lendo as opiniões por lá. Busco aqui uma síntese do que ouvi e, para amenizar, comecemos pela parte boa.
Deixo claro que tenho ciência de que a série é apenas inspirada no livro e não é uma adaptação fiel do que está escrito. Mas, como somos pessoas chatas e críticas, somos também exigentes e temos grandes expectativas. Afinal, criticar faz parte, fortalece e faz crescer, que nem Danoninho e Biotônico Fontoura. E semana que vem posso mudar de ideia.
Pontos positivos
Pontos negativos
Bom, entre mortos e feridos, como diria meu avô, são apenas algumas observações de um espectador crítico. Vários desses comentários foram falados em outras palavras no Twitter e espero ter transmitido minimamente seus pontos de vista. Romance Policial: Espinosa é uma produção nacional e isso é sensacional. Precisamos reforçar o gênero no país e em vários momentos, prometeu impressionar. Porém, em outros, decepcionou. Uma mistura de alto profissionalismo e amadorismo (ou falta de bom senso) inacreditável. Como disse ontem no Twitter, é uma baita responsabilidade botar livros de tanta qualidade na TV.
De qualquer forma, compensa acompanhar os próximos episódios e, quem sabe, queimar a minha língua.
(Imagem: divulgação GNT)
Psicólogo, mestre e doutorando em Psicologia. Atua no sistema prisional. É músico e leitor assíduo de romances policiais, com aquele lugar especial no coração para Georges Simenon e Raymond Chandler.
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Republicou isso em Mais uma Opinião.
Tive três contatos com Espinosa escrito. O primeiro, Espinosa sem saída, achei sensacional. Parcimônia perfeita nos psicologismos, cenas muito bem feitas, uma personagem feminina bem interessante - a esposa que morre - e um Espinosa muito carismático ao seu modo.Os outros dois, achei muito ruins. Um deles foi Na multidão, que me pareceu uma enxurrada de clichês freudianos pra explicar as motivações do homicida. O outro deles foi justamente Uma janela em Copacabana, que soou como uma imitação de Janela Indiscreta feita por alguém que parece ter se baseado só na sinopse do filme. O saldo disso tudo é que tomei abuso dos maneirismos de Espinosa. Muita assadeira que assa um lado do pão de cada vez, comida congelada, um restaurante italiano chamado Trattoria, uma estante de livros, a vontade de sair da polícia pra ser dono de sebo. De qualquer forma, os pontos negativos parecem ser mais responsabilidade da TV mesmo. Ainda assim, quero acompanhar a série e um dia voltar a ler Garcia Roza.
Fernando, acho que muitos dos pontos negativos são resultado da adaptação para a TV mesmo. Gostei do Uma Janela em Copacabana, mas consigo enxergar a semelhança de ideias entre ele e Janela Indiscreta, uma obra prima por sinal, na minha opinião. Talvez por ter lido apenas um livro dele, não perceba os maneirismos que você menciona e por tratar-se de um enredo sem muitos psicologismos, ainda não tive contato com clichês dessa natureza. Também acho válido acompanhar a série. Obrigado pelo comentário!
Concordo com você Rodrigo. Suas primeiras impressões são bem acertadas. Li todas as histórias do Espinosa. O seriado é interessante, mas muito diferente do personagem Espinosa. Quando vi o começo até pensei Montalbano é que estava sempre tomando banho de mar na Itália!!!! Espinosa é um cara que tem a estante de livros amontoadas, é introspectivo, enfim.... você fez um ótimo comentário.
Fico feliz que concorde Vera. Minha crítica é construtiva e não quero de forma alguma detonar a série. Mas como vc disse, me pareceu um Espinosa diferente dos livros. Abraço
Assino em baixo o que "disse" Rodrigo Padrini. Um bom seriado é aquele que nos faz contar os dias para o próximo. Não foi o caso. Essa tal adaptação esfola o original e ultrapassa as expectativas daqueles que conhecem o original da obra adaptada. Por exemplo: não existe mulher-detetive trabalhando com o delegado, ficou esquisito. Preferia ter encontrado o Ramiro, Welber, Arthur, aquele que é bom de campana e outros. Aguardemos o próximo já que o Delegado Espinosa é personagem pra ninguém botar defeito. Mesmo ruim, é bom.
Verdade Ivan. Nada contra a mulher-detetive, mas aqueles detetives do livro são geniais e cômicos. Concordo que uma série cativante é aquela q te deixa coçando pra ver o próximo episódio e, por ora, não é o caso. Estou curioso para o restante, afinal o Espinosa pode surpreender!
Ué, o q mais vemos em séries são detetives mulheres. Não podemos esquecer que se trata de uma adaptação, não é cópia fiel do livro, o que seria monótono e sem graça. Portanto Ivan, dê mais uma oportunidade e continue assistindo, rsrs.
Ainda não vi o último episódio, mas ouvi opiniões positivas. Até onde vi, gostei da evolução e consegui me desconectar um pouco do livro.
Eu li todos os livros do Garcia Roza que tem o Espinosa e simplesmente você se apaixona e quer devorar o livro inteiro em uma noite, realmente é uma grande responsabilidade para os produtores mas fiquei muito feliz com a iniciativa . Concordo com todos os pontos que você falou (positivos e negativos) o que mais me decepcionou foi a namorada do Espinosa que ficou completamente diferente do livro e a Irene é uma personagem que tem uma presença forte apesar de não aparecer sempre. Enfim continuarei acompanhando a série espero que surpreenda !!!
Rafaela, a Irene me passa a mesma impressão e foi um pouco frustrante não vê-la na série. Também concordo que a iniciativa é excelente, deveríamos ter mais adaptações deste e de outros autores. Não é nada fácil e assim como vi críticas, vi elogios. Como vc disse, espero que surpreenda! Abraço
Eu vi algumas propagandas pela cidade. O Domingos e a Nanda são extraordinários atores, o que me deu vontade de assistir.
E agora ainda mais depois d ler os seus adendos.
Abraço.
D.
Bacana Diego. Fico satisfeito. Pra você que tá se interessando pela literatura policial, os policiais do garcia-roza são uma boa pedida.
Valeu pela sugestão. Vou buscar...
Vocês sabem me dizer por que o Espinosa cronometra o tempo que ele leva pra andar até certos lugares?
Rodrigo, no Twitter já nos falamos, mas não me lembro de referências a isso no livro. Talvez seja algo incorporado ao personagem na adaptação da tv.
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