Viciante é um bom adjetivo para A Garota no Trem, thriller de suspense de Paula Hawkins lançado no Brasil pela Editora Record. A trama tem uma pegada a la Hitchcock e é narrada por três mulheres em tempos distintos.
Tal como o confinado fotógrafo Jeffries em Janela Indiscreta, a protagonista Rachel passa parte do tempo observando casas do subúrbio onde costumava morar pela janela de um trem, presa no seu mundinho solitário e vazio. No trajeto que faz pela manhã até Londres e no fim do dia para onde mora, em Ashbury, ela se apega a um casal em especial (cria até nomes imaginários para os dois), atraída pela vida aparentemente ideal que eles levam.
Inconformada com o próprio divórcio, alcoólatra e com problemas de auto-estima, Rachel faz uma projeção da vida que gostaria de ter mantido com o ex-marido ao acompanhar a relação do casal desconhecido. Até que um belo dia (cinzento, no caso de Londres) ela testemunha uma cena intrigante da janelinha do trem, algo que envolve a mulher da casa que ela espia diariamente. Dias depois, a mesma mulher é dada como desaparecida pela polícia e Rachel se vê na obrigação de ajudar a encontrá-la.
As outras duas narradoras são a própria mulher desaparecida e a esposa do ex-marido de Rachel, que expõem sentimentos e confissões sob pontos de vista distintos e cujas histórias se encontram no final do livro. Cada personagem faz sentido e sustenta, em um momento ou outro, diálogos e atitudes suspeitas, o que faz com que não se tenha certeza de nada até de fato entendermos o mistério.
“Os buracos na vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas.”
O modo como Paula Hawkins conecta os capítulos e atrai a atenção do leitor pro mistério é interessante. A descrição das sensações das personagens, suas fraquezas e desilusões pessoais são bem pontuadas. O começo do livro, no entanto, não me empolgou tanto. Demorei pra engatar na leitura por causa da brincadeira cronológica dos capítulos, mas depois do início a leitura fluiu melhor.
Com uma premissa aparentemente simples, Paula Hawkins criou um véu de suspense ao redor da vida de personagens comuns e imprimiu um ritmo interessante à leitura, deixando o leitor ansioso para chegar no final. Afinal, o que de fato viu a garota lá do trem?
Título: A Garota no Trem
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Páginas: 378
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SINOPSE – A trama, que gira em torno do desaparecimento de uma jovem mulher, com três narradoras femininas duvidosas, conquistou fãs como o mestre do mistério Stephen King, que publicou em sua conta do Twitter que o “excelente suspense” o manteve acordado a noite inteira: “a narradora alcoólatra é mortalmente perfeita”.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]
Eu amei esse livro, a forma como a história nos faz odiar, sentir pena e gostar da protagonista. Tudo ao mesmo tempo! Se quiser ler minhas impressões este é o link https://diariodecarola.wordpress.com/2015/10/02/impressoes-de-leitura-a-garota-no-trem/ Bjo 😉
Sim, concordo com o que vc escreveu Carol! Tive vários sentimentos pela protagonista tb, tanto de piedade quando de irritação e ainda admiração. A gente se assusta quando, em certos momentos, se identifica com coisas que ela fala/pensa. A grama do vizinho é sempre mais verde, né? Beijos 🙂
Ótima resenha! O livro é excelente, te prende, e o mérito é da autora que, pela maneira como narra, faz o suspense aumentar. Além disso, adorei a reviravolta nas personagens, nem todo mundo é confiável. Uma trama muito bem elaborada, o final é surpreendente. Adorei msm, obrigada pela resenha!
Obrigada Adriana! 😉