Onde os Velhos Não Têm Vez, de Cormac McCarthy

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Por Leila Gonçalves – Quando assisti “Onde os Fracos Não Têm Vez”, fiquei curiosa sobre o desfecho polêmico e inusitado, o que me levou a procurar o livro que deu origem ao filme: “No Country For Old Men” ou “Onde os ‘Velhos’ Não Têm Vez”, de Cormac McCarthy. Até então, eu desconhecia o escritor, apesar de sua popularidade e os aplausos da crítica. Posso garantir que acertei na decisão: violento, destilando testosterona e sem falsas esperanças, McCarthy possui uma escrita poderosa e sua narrativa oferece uma maior dimensão para a história.

Essa afirmação não se trata de uma crítica ao western dos Irmãos Cohen, muito pelo contrário. Ele é magnífico com um bom trabalho de direção e interpretação dos atores. A diferença é de perspectiva. Enquanto o livro foca numa contundente reflexão sobre a velhice, o filme privilegia o ritmo tenso da trama, recheada de suspense e espetaculares cenas de perseguição.

Na adaptação, quem comanda o espetáculo é Anton Chiguhr (Jávier Bardem), um assassino de aluguel contratado por um chefão do narcotráfico para recuperar uma mala cheia de dinheiro que desapareceu durante um acerto de contas mal sucedido. Ela foi encontrada por Llewelyn Moss (Josh Brolin), um simples caçador, enquanto perseguia um antílope no meio do deserto. Pensando estar milionário, o que ele não imaginava era a confusão em que estava se metendo.

No livro, quem brilha é o Xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones). Encarregado do caso, ele é um veterano da Segunda Guerra que funciona como alter ego de McCarthy (na época, com mais de setenta anos). Suas considerações abrem cada capítulo e são a alma da narrativa. Desapontado com a profissão e assustado com a crescente onda de violência na década de oitenta, ele não compreende o presente, teme pelo futuro e tem os olhos voltados para o passado. Talvez tenha chegado a hora da aposentadoria, o ponto nevrálgico do enredo. Repare no fiasco da tradução brasileira que trocou “velhos” por “fracos”, comprometendo o entendimento do espectador.
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Outro diferencial da narrativa, são as revelações sobre as personalidades de Chigurh e Moss, principalmente, durante um diálogo deste último com uma adolescente que fugiu de casa e ele deu carona. A jovem aparece numa reduzida ponta nas telonas, mas é com ela que Moss revela o quanto é um bom sujeito, aumentando o clima dramático dos últimos capítulos.

Exceto pelos aspectos mencionados e o ridículo cabelo de Bardem (ele está praticamente irreconhecível), o filme é extremamente fiel ao livro e monopolizou as atenções em 2008, quando foi lançado, ganhando quatro Oscars: melhor filme, direção, ator coadjuvante e roteiro adaptado. Encerrando, recomendo livro e filme, programa duplo de impecável qualidade. Depois comente, quais foram suas impressões.

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velhosTítulo: Onde os Velhos Não Têm Vez
Autor: Cormac McCarthy
Páginas: 440
Editora: Alfaguara Brasil
Este livro no Skoob

SINOPSE – Cormac McCarthy apresenta em Onde os velhos não têm vez um “faroeste sem compaixão”, que lembra os filmes de Quentin Tarantino, como bem comparou o jornal The New York Times. O livro mistura ação, suspense e violência numa prosa ágil e enxuta. Adaptado para o cinema pelos irmãos Joel e Ethan Coen, o longa foi premiado com o Oscar de melhor filme em 2008.

LEILA DE CARVALHO E GONÇALVES - Doente por livros, vem sendo tratada sem resultado há mais de cinquenta anos pelo alienista Simão Bacamarte. Aposentada e com tempo de sobra, parece haver pouca esperança em sua recuperação. Sem formação acadêmica na área e nenhuma foto de identificação, pode ser facilmente encontrada entre os detetives e vilões da ficção policial, em geral, com um e-book na mão.
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4 comentários em “Onde os Velhos Não Têm Vez, de Cormac McCarthy”

  1. Anton Chigurh nas mãos dos Cohen na minha concepção simplista é um dos melhores vilões do cinema, não li o livro, mas o filme tem uma tensão tão absurda que chega dar falta de ar. Me despertou o interesse pelo livro e pelo autor!

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