Por Luciana da Cunha – Quando eu era mais nova eu já quis ser de tudo: cantora, astronauta, diretora de cinema e, principalmente, detetive. No fim das contas acabei optando pelo jornalismo, talvez por ser uma das carreiras mais próximas da investigação.
Mesmo tendo me afastado das redações, ainda me faz brilhar os olhos ver um filme como “Spotlight – Segredos revelados” levar a estatueta de Melhor Filme no Oscar. A história de um grupo de jornalistas obstinados em revelar um mega esquema de acobertamento de padres pedófilos provavelmente serviu de lembrete a milhares de jornalistas dos principais motivos que os fizeram encarar a profissão. No fundo, somos todos investigadores.
Por isso, separei os cinco filmes mais legais de jornalismo investigativo. Deixei apenas os meus preferidos dos últimos 15 anos, afinal, falar de “Cidadão Kane” e “Todos os homens do presidente” é óbvio demais. E a boa notícia é que ainda se faz bom cinema com bons jornalistas investigadores.
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Zodíaco (2007)
Uma das chamadas do filme já explica bastante: existe mais de uma forma de perder a sua vida para um assassino. “Zodíaco” é inspirado na verdadeira história do assassino que adotava esse pseudônimo e fazia jogos psicológicos com a equipe do San Francisco Chronicle e com a polícia local. Desde o início, o cartunista político Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal) se interessa pelo caso e, aliado ao repórter criminal Paul Avery (Robert Downey Jr.), dedica anos a tentar achar o criminoso por trás das cartas e enigmas enviados à redação. O envolvimento deles vai além de mera obstinação jornalística e acaba virando paranoia e obsessão para revelar a identidade do assassino. Ah, e pra melhorar tudo, a direção é do David Fincher.
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A vida de David Gale (2003)
Antes de viver Frank Underwood e jogar jornalistas nos trilhos do metrô, Kevin Spacey foi um ativista contra a pena de morte que deu nome ao filme “A vida de David Gale”. Condenado à morte pelo assassinato de uma amiga e a dias de ser executado, ele conta com uma entrevista da jornalista Bitsey Bloom (Kate Winslet) para mostrar as falhas de julgamento que podem ocorrer ao determinar esta sentença a alguém. Com um roteiro envolvente e uma edição que faz com que o espectador monte as peças do quebra-cabeça junto com a jornalista, o filme tem um dos melhores plot-twists de que eu tenho lembrança e consegue te deixar sem respirar na sequência final.
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Capote (2005)
Quando Truman Capote se interessou em escrever sobre o assassinato de uma família no Kansas, ele talvez não tivesse a intenção de transformar aquilo na sua principal obra e, muito menos, se envolver tanto com a história. Em “Capote”, conhecemos os bastidores do livro “A sangue frio” e como o escritor, interpretado brilhantemente por Philip Seymour Hoffmann, encarou conflitos internos ao se tornar parte da trama. Ao mesmo tempo em que ele acabou se envolvendo de forma mais pessoal com um dos assassinos, Perry Smith, ele só conseguiria dar um encerramento verdadeiro para o livro com a execução de seu novo amigo. Complicado, não?
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Intrigas do Estado (2009)
Adaptado de uma minissérie de seis episódios da BBC, “Intrigas de Estado” reúne todos os elementos para uma investigação repleta de conspirações e reviravoltas: dois assassinatos e um suposto suicídio que podem estar relacionados, um congressista “bom no papel” com passado militar, uma empresa especializada em contratar mercenários e a eterna disputa na redação entre jornalismo impresso e on-line. Ah, e pra melhorar, o jornalista é amigo do congressista. Misture tudo isso da forma que achar mais pertinente e acrescente um elenco com os nomes de Ben Affleck, Russel Crowe, Rachel McAdams, Helen Mirren e Robin Wright – todos com passagem pelo Oscar ou Globo de Ouro. A direção ficou por conta de Kevin MacDonald, responsável pelo aclamado O úlitmo rei da Escócia. Ou seja: suspense de não te deixar respirar em boa parte do filme.
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O custo da coragem (2003)
Esse aqui tem um valor especial pra mim por se tratar de uma história verídica que leva Dublin como cenário (saudades, Irlanda). Cate Blanchett interpreta Veronica Guerin, uma jornalista do Sunday Independent que põe a sua vida em risco inúmeras vezes em sua tentativa incansável de expor cartéis de traficantes de drogas na capital irlandesa – pra quem não sabe, esse era um problema gravíssimo na Irlanda na década de 1990. Apesar de, a princípio, Veronica ter parecido apenas uma voz na multidão, o trabalho dela foi fundamental no combate às drogas no país. Apesar da direção meio sonolenta de Joel Schumacher, as atuações do elenco principal são fantásticas.
Jornalista em Blumenau, desde os 15 anos se aventura pela blogosfera. Cinéfila desde a sua primeira VHS da Disney, escreve sobre o tema há nove anos. Descobriu a paixão pela literatura com romances policiais, mas hoje lê um pouco de tudo – principalmente tudo aquilo que vai parar nas telonas.
Valeu!!
Gostei das dicas! 🙂
Eeee!! Obrigada, Thamiris 😀
Olá que conteúdo rico em informações, vou começar acompanhar seu blog.