Em Sob Águas Escuras, a detetive Foster procura o assassino de uma garotinha

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Por Ana Paula Laux – No terceiro livro policial de Robert Bryndza, Sob Águas Escuras (Editora Gutenberg, 2018), a detetive Erika Foster investiga o que aconteceu com Jessica Collins, uma garotinha de 7 anos que sumiu quando ia sozinha à festa de aniversário de uma amiga de escola, sua vizinha de rua. O desaparecimento aconteceu numa tarde de agosto de 1990, na Inglaterra, e não houve testemunhas no espaço de tempo que levou a breve caminhada. Apenas um suspeito foi preso e interrogado na época, porém a polícia não provou sua culpa e teve que soltá-lo. O caso nunca foi resolvido.

Os restos mortais de Jessica são encontrados pela detetive Foster acidentalmente, 26 anos após o caso estampar as capas de todos os jornais e revistas inglesas. A equipe de Erika está procurando dez quilos de heroína em um contêiner no fundo de um lago, numa pedreira próxima à casa da menina. Eles identificam um pacote de plástico repleto de lama e enrolado com finas correntes enferrujadas. Dentro está o esqueleto de uma criança, com mechas escuras de cabelo presas no crânio solto. Encarregada do caso, Foster vai resgatar as informações de arquivo para descobrir quem matou Jessica, já que nenhum suspeito foi condenado pelo homicídio. O caso é considerado um fracasso da polícia pela opinião pública.

 

A história de Jessica Collins lembra vagamente a comoção acerca do caso Madeleine McCann, a menina inglesa que sumiu na Praia da Luz, em Portugal, em 2007, e também teve o rosto estampado em vários jornais no mundo (ao contrário de Jessica, o corpo de McCann nunca foi encontrado e até hoje seus pais acreditam que ela possa estar viva).

Erika Foster é uma personagem convincente, pouco divertida e muito focada no que faz. O autor nos leva a torcer pela detetive, principalmente quando ela desvenda pistas que são deixadas pelo caminho a partir de 2/3 do livro. Foster é da Eslováquia, país do leste europeu que integrava a antiga Tchecoslováquia e que é conhecido por seus castelos antigos. Não sei se sua origem é mais explorada nos dois livros anteriores (já que esse é o primeiro da série que eu leio), mas neste não há muito sobre o assunto, a não ser na forma da bem humorada irmã da detetive, que providencia momentos descontraídos quando a visita em Londres.

 
“Toda vez que fechava os olhos, via o minúsculo esqueleto com tufos de cabelo e órbitas oculares vazias”

 

Uma descoberta no capítulo 57 provoca uma acelerada na leitura, mas essa pista só será revelada no final do livro mesmo. Nesse aspecto, Bryndza consegue segurar bem a tensão até lá. A narração é linear e quase não tem quebras cronológicas. Um ponto sensível é uma certa falta de sofisticação nos diálogos. Alguns têm o tom até bem didático, explicando algo ao invés de mostrar através de uma ação. Há também detalhes e breves comentários sobre outros casos que podem ou não ser spoilers dos livros anteriores, A Garota no Gelo e Uma Sombra na Escuridão (ambos foram resenhados aqui pelo colunista Rodrigo Padrini). Fica a dica de qualquer jeito, para quem ainda não leu essa série policial.

A detetive Erika Foster foi uma boa descoberta e eu certamente vou ler mais romances policiais de Robert Bryndza. Sem contar que o final de Sob Águas Escuras é daqueles bem chocantes, de deixar a gente boquiaberto. Leitura recomendada para quem gosta de devorar livros de suspense.

 

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Título: Sob águas escuras
Autor: Robert Bryndza
Tradução: Marcelo Hauck
Editora: Gutenberg
Páginas: 336
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SINOPSE – Quando a Detetive Erika Foster vasculha, com sua equipe, um lago artificial nos arredores de Londres em busca de uma valiosa pista de um caso de narcóticos, ela encontra muito mais do que eles estavam procurando. Do fundo do lago são recuperados dois pacotes: um deles contém 4 milhões de libras em heroína. O outro… o esqueleto de uma criança. Os restos mortais são de Jessica Collins, uma garota desaparecida há 26 anos e que foi a principal manchete de todos os noticiários da época. Erika, então, precisa revirar o passado e desenterrar os traumas da família Collins para descobrir mais sobre o trabalho de Amanda Baker, a detetive original do caso – uma mulher torturada pelo seu fracasso na busca por Jessica. Muitos mistérios envolvem esse crime, e alguém que não quer que o caso seja resolvido fará de tudo para impedir que Erika Foster descubra a verdade.

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3 comentários em “Em Sob Águas Escuras, a detetive Foster procura o assassino de uma garotinha”

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