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True Detective 3 foi uma boa temporada mas errou no final (com spoilers)

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Por Ana Paula Laux – A terceira temporada de True Detective foi bem recebida, com a ótima atuação de Mahershala Ali como o detetive Wayne Hays e um resgate do clima sombrio que marcou a primeira temporada. O único problema foi mesmo o final.

A trama mostrou dois detetives investigando o assassinato de um menino e o desaparecimento de sua irmã numa pequena cidade dos Estados Unidos. O mistério foi bem elaborado, a trama ofereceu vários suspeitos e levou a teorias diferentes sobre o que poderia ter acontecido com a pequena Julie Purcell.

Mahershala Ali é realmente um grande ator e soube dar gravidade ao papel, fazendo até Stephen Dorff, um ator mediano que fez seu parceiro, se destacar na série. O problema é que o último episódio não correspondeu às expectativas e acabou deixando a desejar.

O roteirista Nic Pizzolatto alimentou algumas teorias, como a possibilidade do crime ter sido cometido por uma rede de tráfico de crianças ou uma rede de pedófilos. Lançou suspeita sobre pais, esposas e policiais da força tarefa que investigou o caso. No fim ele escolheu culpar Isabel Hoyt, filha do dono da empresa Hoyt Foods, pelo crime.

Isabel era uma mulher desequilibrada e dependente de remédios que teria se encantado por Julie Purcell, pois ela lembrava sua filha morta. Ela começa a se encontrar anonimamente com as crianças na floresta para passar mais tempo com Julie (ninguém via os três juntos, se isso é possível de acreditar). Seu “cuidador” é um homem negro cego de um olho, que misteriosamente ninguém lembra direito ou sabe o nome também, até os últimos episódios mostrarem quem ele realmente foi. Num dos encontros a vítima, o menino, escorregou e bateu a cabeça na floresta. E aí morreu. Nenhuma conspiração, nenhum grande culpado polêmico. Só uma mulher louca pra culpar.

Na concepção de Pizzolatto, as mulheres parecem ter sido as verdadeiras vilãs, os reais empecilhos dessa temporada. Isabel foi a responsável pela morte do menino e o sequestro da menina. Detalhe: com a conivência da mãe das crianças, outra mulher malvada que colocou a vida dos filhos em risco…

A professora Amelia Reardon, interpretada por Carmen Ejogo, é casada com o personagem de Mahershala. Na última fase da vida do detetive, ela aparece como uma consciência dele pois já está morta. No último episódio, essa “consciência” chega até a indicar ao marido uma pista que o leva a descobrir o paradeiro de Julie. Nada como uma mesa branca moderna para ajudar a resolver o mistério.

Na segunda fase, o casal quase se separa porque Hays sente-se usado pela professora e é “rebaixado” no departamento de polícia, tendo que trabalhar como escrivão ao lado de várias secretárias. Eventualmente eles reatam mas o reencontro do casal é vazio, a troca de palavras não indica nenhum tipo conexão, eles estão ali porque se encontraram no meio do caso e decidiram ficar juntos no fim das contas. Só isso.

Outra versão difícil de aceitar é a do destino de Julie, que depois de anos desaparecida é reconhecida por Mike, um antigo colega de escola que era apaixonado pela menina. Ela está vivendo em um convento, onde foi acolhida por freiras após escapar da casa dos Hoyt. Ocorre que o pai do menino prestava serviços para o convento, e aí Mike acaba reconhecendo Julie mesmo que ela tenha desaparecido ainda criança e agora seja uma adolescente. Mais uma bela coincidência…

Poderia ter sido perfeito, mas finais são geralmente difíceis de criar. De qualquer forma, foi uma boa temporada (melhor que a segunda, inferior à primeira). Talvez o toque mais interessante tenha sido a própria cena final, a provável morte de Hays expressa em seus olhos e a volta para um mundo onde ele ainda consegue lembrar das coisas. E nota 10 para a trilha sonora.

 

(Imagem: Divulgação)

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