No início do século 20, acreditava-se que tomar banho com água radioativa era bom para a cura de doenças. Até hoje tem gente que defende esse tipo de tratamento, acredite se quiser.
Filtros de água radioativa, saunas de vapor de mercúrio, tônicos com estricnina. Os tratamentos mais enganosos da medicina estão em Medicina Macabra 2.
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SOBRE O LIVRO
Título: Medicina Macabra 2
Autores: Lydia Kang, Nate Pedersen
Tradução: Carlos Norcia
Páginas: 416
Editora: Darkside Books
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SINOPSE – Para muitos de nós, estar saudável não é o bastante. Queremos mais ― juventude eterna, beleza perfeita, ou ainda o vigor de Zeus. Além disso, por vezes ficamos tão desesperados para encontrar uma cura, que acabamos acreditando em qualquer coisa. O desejo de curar e o impulso de viver por mais tempo é tão viciante quanto o consumo de ópio. Os cientistas seguem competindo entre si para criar remédios mais eficientes e potentes. No espaço aberto pelos nossos desejos, o charlatão prospera. É nesse ponto que começamos a acreditar que biscoitos de arsênico farão com que a nossa pele fique com uma aparência saudável e macia, ou que poções secretas, douradas como o ouro, irão consertar nossos corações partidos. No entanto, por trás de todos os tratamentos equivocados ― desde os otomanos que ingeriam barro para não se infectarem com a peste, passando pelos nobres vitorianos que se sentavam em saunas de vapor de mercúrio para tratarem a sífilis, até os antigos romanos portadores de epilepsia que bebiam sangue de gladiadores ― se esconde uma força imensurável, que nasce do desejo humano de viver. O potencial de tal ímpeto é aterrador: ao longo da história, homens e mulheres estiveram dispostos a consumir cadáveres, a sofrer queimaduras de óleo fervente, ou a se submeterem a tratamentos experimentais que utilizavam um exagero de sanguessugas, tudo em nome da sobrevivência. Medicina Macabra 2, de Lydia Kang e Nate Pedersen, propõe-se a investigar o que movem os trapaceiros, charlatões, embusteiros, vigaristas e impostores. Aquelas pessoas que se aproveitam do nosso medo da morte, ou da existência de doenças, a fim de vender produtos que não só não funcionam, como podem até mesmo ser perigosos ou fatais. Se soa extremamente familiar e contemporâneo ― ao relacionarmos com a tentativa de receitar remédios para verme e piolho que prometem um suposto tratamento precoce contra um vírus ―, é importante ressaltar que a charlatanice não é fruto apenas da decisão de enganar os outros, como no caso dos exemplos acima, mas também pode ser fruto da ignorância, da superstição, e da manipulação. Ainda que o termo geralmente signifique a prática ou a divulgação de tratamentos médicos intencionalmente fraudulentos, também são charlatões aqueles que promovem desinformações nas quais eles mesmos acreditam. Tais impostores podem ignorar, ou até mesmo questionar os fatos científicos; muitos deles viveram séculos atrás, antes do método científico ser abraçado pelo senso comum da civilização. Os tratamentos propostos por eles, quando vistos sob o prisma moderno, parecem completos absurdos. Que tal usar testículos de furão como contraceptivo? Ou tentar curar anemia com sangria? Nenhum de nós é totalmente imune ao ensejo de procurar por soluções rápidas. Cem anos atrás, talvez estivéssemos mais predispostos a comprar um tônico de estricnina. Olhando para trás com fascínio, horror e um pouco de humor, Medicina Macabra 2 relata a história viva, por vezes inacreditável, de erros médicos e práticas médicas incorretas. A obra aborda dezenas de “tratamentos” hoje considerados bizarros concebidos por médicos e cientistas, espiritualistas e comerciantes que se baseavam em inúmeras fraudes sem noção. Repleto de ilustrações, fotografias e anúncios de época, a obra combina perfeitamente o humor macabro com a ciência e acaba por revelar uma faceta tão importante quanto perturbadora da medicina, que segue em constante evolução. Medicina Macabra 2 nos leva a importante constatação de que, mesmo com todas as descobertas científicas e o avanço na compreensão do funcionamento do corpo humano, os braços da charlatanice continuam a alcançar quase todas as áreas das indústrias de saúde e cosmética. Uma leitura intrigante, especialmente nestes tempos pandêmicos, que somente reforça a ideia de que uma doença para qual nunca teremos a cura é a ignorância.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]