2014 foi um bom ano para a literatura policial. Além de reedições de títulos de Georges Simenon (pela Companhia das Letras), Raymond Chandler (Alfaguara), Conan-Doyle (Zahar) e Agatha Christie (Globo, L&PM e Nova Fronteira), houve traduções de best-sellers globais, lançamentos de autores brasileiros de peso e estreias promissoras. Os fãs do gênero não tiveram tempo para tédio nesses doze meses.
Preparamos uma lista com títulos que merecem destaque. Em coleções como esta, sempre há o risco de algum lançamento importante ficar de fora ou de incluir um título nem tão celebrado. Corremos esse risco com a certeza de que, se você não concordar com a nossa lista, que faça a sua também…
A esperada volta do delegado Espinosa aconteceu no final de outubro, e o personagem enfrentou um caso que mais parecia um não-caso. Afinal, o pacato professor Vicente procura a polícia para confessar um crime que sequer sabe se realmente cometeu. Sofrendo de uma doença que provoca a perda de memória recente e de longo prazo, o professor que passa os dias traduzindo Edgar Allan Poe tropeça em imagens que mais parecem recordações inventadas. Essa atmosfera nebulosa cobre Copacabana e envolve a todos, inclusive o leitor que passa a desconfiar de tudo.
Influenciada por uma atmosfera noir, Patrícia Melo apresenta a perita Azucena, personagem prometida para mais dois livros para completar uma trilogia. Embora com lançamento discreto, o livro tem despertado ótimas críticas e, o mais importante: o interesse dos fãs do gênero. Flertando desde sempre com o universo ficcional do crime, Patrícia é mais um nome determinante a integrar a lista de autores que publicaram obras policiais este ano.
Em Dias Perfeitos, Téo é um jovem e solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e dissecar cadáveres nas aulas de anatomia. Num churrasco a que vai com a mãe, contrariado, Téo conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Clarice está escrevendo um road movie de nome ‘Dias perfeitos’. O texto ainda está cru, mas ela já sabe a história que quer contar – as desventuras de três amigas que viajam de carro pelo país em busca de experiências amorosas. Téo fica viciado em Clarice – quer desvendar aquela menina diferente de todas que conheceu. Começa, então, a se aproximar de forma insistente. Diante das seguidas negativas, opta por uma atitude extrema – desfere um golpe na cabeça dela e, ato contínuo, sequestra a garota. Elabora então um plano para conquistá-la – coloca-a sedada no banco carona de seu carro e inicia uma viagem pelas estradas do Rio de Janeiro – a mesma viagem feita pelas personagens do roteiro de Clarice. Passando por cenários oníricos, entre os quais um chalé em Teresópolis administrado por anões e uma praia deserta e paradisíaca em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita – Téo a obriga a escrever a seu lado e está pronto para sedá-la ou prendê-la à menor tentativa de resistência. Clarice oscila entre momentos de desespero e resignação, nos quais corresponde aos delírios conjugais de seu sequestrador. O efeito é tão mais perturbador quanto maior a naturalidade de Téo. Ele fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas decisões com lógica impecável.
O tempo passou, mas Bellini ainda mora sozinho num apartamento na região da avenida Paulista, coração de São Paulo. Algumas manias também permanecem, como almoçar todos os dias no Luar de Agosto, boteco próximo à sua casa.O crime para o qual será atraído, no entanto, não tem nada de comum. Depois de receber um telefonema de Marlon, parte da famosíssima dupla sertaneja Marlon & Brandão, Bellini terá de sair da sua conhecida São Paulo e viajar ao coração de Goiânia, onde se verá embrenhado num universo de música sertaneja, césio-137, intriga e pelo menos uma dama fatal. Contratado para negociar com os sequestradores do milionário Brandãozinho, ele vê o cliente ser baleado e morto durante o resgate, o que o lança numa espiral de traições e desconfianças que o fará suspeitar de sua própria sanidade. Para auxiliá-lo na missão, Bellini conta com alguns aliados que seus leitores reconhecerão de romances passados, como Dora Lobo, chefona da agência de detetives Lobo, e Gisele, a hacker paralítica (e às vezes amante) que costuma ajudá-lo em questões tecnológicas.
O Trovador nos leva à Londrina dos anos 1930, cidade criada à imagem da capital inglesa. É lá que o tradutor Adam Blake e lorde Lovat, presidente da companhia de terras britânica Parana Plantations, buscarão a chave dos mistérios que se escondem nas entrelinhas de uma canção medieval. Rodrigo Garcia Lopes dá vida a aventureiros, estrangeiros de passado obscuro, trabalhadores sujos de serragem, fazendeiros engravatados e empresárias da noite, personagens que nos ajudam a desvendar uma série de assassinatos tem como pista a poesia.
Hercule Poirot se aposentou da polícia belga há muitos anos, mas um novo caso nunca falha em encontrá-lo, onde quer que esteja, e é seu dever investigar. Em 1929, num café em Londres, o detetive é surpreendido pela entrada dramática de uma mulher certa de seu assassinato iminente. Mas, para o espanto de Poirot, ela não deseja ajuda: diz que merece o que está por vir e sai desabalada do local, sem mais explicações. Enquanto isso, o policial Edward Catchpool se depara com um cenário perturbador: em quartos diferentes do mesmo hotel, três cadáveres são encontrados dispostos da mesma maneira cuidadosa e com uma abotoadura de ouro com as iniciais P.I.J. em cada um. Juntos, Poirot e Catchpool tentarão desvendar a possível conexão entre aquela estranha mulher e os três crimes, antes que mais mortes ocorram e seja tarde demais.
O detetive Cormoran Strike, protagonista de O chamado do Cuco, está de volta, ao lado de sua fiel assistente Robin Ellacott, no segundo livro de Robert Galbraith (pseudônimo de J.K. Rowling). Quando do desaparecimento do romancista Owen Quine, sua esposa procura o detetive particular Cormoran Strike. Inicialmente, ela pensa apenas que o marido se afastou por alguns dias — como fez antes — e quer que Strike o encontre e o leve para casa. Mas, à medida que investiga, fica claro para Strike que há mais no sumiço de Quine do que percebe a esposa. O romancista acabara de concluir um livro retratando maldosamente quase todos que conhece. Se o romance fosse publicado, a vida deles estaria arruinada — assim, muita gente pode querer silenciá-lo. E quando Quine é encontrado brutalmente assassinado em circunstâncias estranhas, torna-se uma corrida contra o tempo entender a motivação de um assassino impiedoso, um assassino diferente de qualquer outro que Strike tenha encontrado na vida…
Ao trocar a fria Oslo por Hong Kong, Harry Hole encontra refúgio no ópio, no álcool e nos jogos de azar para fugir de sua antiga vida. Porém, por mais que ele tente se manter afastado, um sórdido assassino consegue trazê-lo de volta à realidade. Duas mulheres são encontradas afogadas no próprio sangue, e uma terceira é morta por enforcamento. A cobertura da imprensa provoca grande comoção na cidade. Não há pistas do assassino, a única conexão entre as mortes é o fato de que todas as vítimas passaram a noite em uma cabana isolada nas montanhas. Conforme a investigação avança, Harry tem certeza de que está lidando com um perigoso e implacável assassino, que escolhe suas vítimas a dedo. Porém, ele não imagina que, ao assumir o caso, coloca-se também na mira desse perigoso psicopata.
Feche os olhos e imagine: você mal chegou aos 30, já escreveu dois livros e – para escrever o seu romance de verdade – larga um emprego dos sonhos na Suíça para se dedicar a uma trama policial. Aí, seu livro faz um sucesso estrondoso, é traduzido para 37 idiomas e lançado em 45 países. De quebra, você ganha o grande prêmio literário da Academia Francesa e fica entre os finalistas do prestigiado Goncourt. Imaginou tudo isso? Agora, abra os olhos e se olhe no espelho: você é a sensação suíça da literatura, Joël Dicker, que foi – sem surpresas – muito paparicado na Flip passada. Além de bem sucedido nas vendas, “A verdade sobre o caso Harry Quebert” é apontado como um exemplo de como aliar boa trama policial com refinamento literário.
Originalmente lançada em 2010 na Itália, La caccia al tesoro é a mais nova aventura do inspetor Montalbano publicada no Brasil. Este é um dos personagens mais populares da ficção policial, e é praticamente obrigatório para qualquer fã do gênero conhecê-lo. Neste 16º romance, ele recebe um conjunto de cartas enigmáticas que o atraem para um perigoso jogo de gato e rato com um psicopata. Andrea Camilleri já escreveu 21 livros com o detetive Montalbano, que também virou série na televisão italiana. Clássico.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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Obrigada. Amei as dicas.
Legal Olga :)