Onde estão os ossos do Dr. Blumenau?

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Por Ana Paula Laux – Quem roubaria os ossos do Doutor Hermann Bruno Otto Blumenau, o fundador da colônia mais alemã de Santa Catarina, dias antes do aniversário da cidade? Este é o enigma que alimenta “O Caso dos Ossos”, romance policial de Sally Satler e Carla Fernanda da Silva lançado em setembro de 2014, pela Liquidificador Editora. A situação – certamente impensável por Herr Blumenau em meados do século 19 – é o fio condutor do mistério que desafia Otto Schukermann, o detetive do caso.

A trama se passa principalmente pelos corredores da Fundação Cultural, pelas ruas mais conhecidas da cidade e nas esquinas do cemitério municipal. Logo nas primeiras páginas entende-se que o investigador Otto se aposentou após quarenta anos de serviço, e na verdade relembra o caso citado após ler um artigo sobre o Dr. Blumenau no jornal. Enquanto resgata os arquivos pessoais da investigação no sótão de casa, onde guarda documentos antigos e empoeirados, ele reflete sobre a desilusão que nutre por um sistema que protege nomes e acoberta casos especiais (em situações em que ele mesmo viu-se obrigado a colaborar com o sistema que acaba condenando).

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“Tornei-me policial por causa do meu pai, para senti-lo orgulhoso por ter um filho honesto, como sempre disse. Hoje sofro, pensando se algum dia ele soube o que me tornei.”

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Otto é um detetive antiquado, solitário e fumante contumaz. Anti-social e nostálgico, gosta de cozinhar para si (cozinhar o acalma), curte ficar em casa mas também se anima ouvindo “papos de bar”, tomando um café ou um choppinho e observando as pessoas de longe. Uma de suas dificuldades é interpretar as pistas que surgem durante a investigação sem poder revelar oficialmente o motivo dos interrogatórios para os envolvidos, já que a orientação que recebe é que o roubo dos ossos do fundador permaneça em segredo.

As referências a Blumenau não se restringem às casinhas em enxaimel ou à Vila Germânica, palco da tão conhecida Oktoberfest. Outros pontos da cidade são mapeados, como a Pastelaria Chinesa, a Rua XV de Novembro, a praça Dr. Blumenau e a rua Marechal Floriano Peixoto. Com isso, o leitor acaba descobrindo a geografia do lugar e, por que não, se interessando pela história da região.
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“Para ele solucionar um caso não era apenas encontrar o culpado e prendê-lo… Na maioria dos casos, era bastante simples e óbvio, ganância, ódio, ciúmes, inveja e outros complicados sentimentos humanos.”

 

As autoras definem o romance como um “anti-policial”, já que o caso acaba sendo acobertado pela polícia (a informação aparece na própria sinopse, portanto não é spoiler!). Carla Fernanda da Silva explica: “Nós nos apropriamos da narrativa, estrutura dos policiais, mas vamos fazendo as críticas à estrutura policial brasileira. Por isso, optamos pelo anti”.

Criar uma boa história de detetive, ao contrário do que muitos imaginam, não é uma tarefa simples. Em “O Caso dos Ossos”, as autoras  utilizam os pilares do gênero policial – crime, criminoso e investigação – para dar um viés mais crítico à história, discutindo a natureza das relações furtivas e principalmente as relações de influência e poder na sociedade. Se o Doutor Blumenau pudesse escolher, será que aceitaria participar dessa novela policial com toques tão sutis de realidade?

 

SOBRE O LIVRO

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Título: O caso dos ossos
Autoras: Sally Satler e Carla Fernanda da Silva
Páginas: 181
Editora: Liquidificador
Ano: 2015
Este livro no Skoob

SINOPSE – “O Caso dos Ossos” é um romance (anti)policial, de autoria de Sally Satler e Carla Fernanda da Silva, em que o detetive Otto Schurkemann investiga o roubo dos ossos do Dr. Blumenau, fundador da cidade de Blumenau. Entre perseguições, invasões e misteriosos interlocutores, o investigador precisa solucionar o caso e impedir que as pessoas descubram que o fundador foi roubado.

 

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