Por Murilo Reis – Um violino Stradivarius é roubado. Paralelamente, mulheres começam a ser assassinadas pelas ruas do Rio de Janeiro. Como peculiaridade, o autor dos crimes decepa as orelhas e deixa uma corda de violino presa aos pêlos pubianos de suas vítimas. Trata-se do primeiro serial killer do Brasil, surgido durante o reinado de D. Pedro II. Para ajudar nas investigações do inspetor Melo Pimenta, o imperador manda chamar, diretamente da Baker Street, ninguém menos que Sherlock Holmes.
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Lançado em 1995, O Xangô de Baker Street, de Jô Soares, completa duas décadas neste ano, tendo ganhado versão para o cinema e apadrinhamento de Rubem Fonseca. À viciante narrativa (iniciada a leitura, é difícil largar o livro) é adicionada alta dose de humor (peculiar ao humorista que fez história na TV) e aprofundada pesquisa histórica.
Junto aos fictícios (ou seriam reais?) detetive e seu amigo Watson (crias de Sir Arthur Conan Doyle) estão elencados personagens históricos da cultura e imprensa brasileira, que ganharam feições impagáveis nas mãos do autor. É impossível não se deixar rir com as trapalhadas do (in)falível detetive que aqui tem as características de um Grande Lebowski.
Uma vez em terras brasileiras, Sherlock deixa-se encantar pelas maravilhas culinárias e carnais deste país tropical, além de descobrir um apetite pelo consumo de canabis proporcional ao de Doc Sportelo (detetive criado por Thomas Pynchon).
Por outro lado, depara-se com o mais astuto inimigo que já encontrou. Um Jack, o Estripador tupiniquim que não deixa rastros e mostra ter uma inteligência estratégica muito superior à do britânico (o que nesta história não parece ser muito difícil…).
Romance fisicamente pesado (são cerca de quatrocentas páginas), O Xangô de Baker Street é daqueles livros que o leitor lamenta por terminar. Fica a vontade de que ele fosse ainda mais volumoso.
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SOBRE O LIVRO
Título: O Xangô de Baker Street
Autor: Jô Soares
Páginas: 352
Editora: Companhia das Letras
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SINOPSE – Um violino Stradivarius desaparecido, algumas orelhas cortadas e seus respectivos cadáveres trazem o famoso Sherlock Holmes ao Brasil, por recomendação de sua não menos famosa amiga Sarah Bernhardt. Porém aquilo que parecia um pequeno e discreto caso imperial transforma-se numa saga cheia de perigos, tais como feijoadas, vatapás, mulatas, intelectuais de botequim, pais-de-santo e cannabis sativa. Sem falar, é claro, dos crimes do primeiro serial killer da história, que executa seu sinistro plano nota a nota, com notável afinação e precisão de corte.
MURILO REIS – Viciado em jornalismo, escreve sobre literatura e histórias em quadrinhos, temas sobre os quais gosta de conversar em mesas de bar. Site: O Paralelo.
Ana Paula Laux é jornalista e trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]
Adoro esse livro!
Odiei o final desse livro, mas é por isso que ele é uma obra memorável.