Por Luciana da Cunha – No mês de aniversário do mestre do suspense, vou aproveitar pra prestar uma breve homenagem e causar um pouco de polêmica em torno da obra mais lembrada de Alfred Hitchcock: Psicose.
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Sim, é inegável o legado deste filme, principalmente para o gênero Terror dos dias de hoje. Na época, a obra chegou a ser considerada grotesca e forte demais para o público – a fotografia em preto e branco foi um requisito para “suavizar” tanto sangue.
Longe de mim querer defender o conservadorismo da época, mas eu prefiro alguns filmes pré-Psicose que eu considero bem mais elegantes, bem mais a cara do Hitchcock e não menos eletrizantes do que a cena do assassinato no chuveiro.
Ali pela década de 1950 o acervo do diretor contou com produções anuais (às vezes até semestrais) e a participação recorrente de atores como James Stewart, Grace Kelly e Cary Grant. Parece até injustiça querer listar apenas alguns filmes dessa época, mas reuni aqui as cinco produções que eu nunca me canso de assistir e de admirar cada vez mais.
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Se existe um filme que me fez virar fã incondicional de Alfred Hitchock foi Janela Indiscreta. Aqui temos um fotógrafo confinado em casa depois de ter quebrado a perna. Entediado e sem Netflix, ele começa a prestar atenção na vida dos vizinhos e passa a desconfiar que um deles tenha assasinado a esposa. A genialidade do roteiro em uma produção que se passa quase que exclusivamente dentro de um apartamento é apenas um dos elementos que prendeu a minha atenção desde o primeiro instante. Somado a isso ainda temos um elenco de primeira, com direito a James Stewart e Grace Kelly por motivos de: Hitchcock! Quem não passou a prestar mais atenção nos vizinhos depois desse filme, né?
Conspiração e espionagem também fazem parte do acervo de Hitchcock. Em Intriga internacional, George Thornhill (Cary Grant) se vê em meio a espiões quando é confundido com um agente do governo marcado para morrer. Ao tentar compreender melhor a situação toda, ele é falsamente acusado de assassinado e protagoniza uma das fugas mais eletrizantes da história do cinema, com direito a correr de um avião, brincar com a vertigem das pessoas no Monte Rushmore e conhecer uma loura fatal que não é tão inocente quanto aparenta.
Apesar de não arriscar muito com elencos diferentes, Hitchcock gostava de inovar em diversos aspectos técnicos, como fotografia, enquadramento e edição. Este aqui não foi apenas o primeiro filme em cores do diretor (apesar da foto em preto e branco), mas a trama inteira foi feita em apenas 10 tomadas e utilizando o mesmo cenário (bem antes de Dogville). Diferentemente de muitos suspenses, aqui o assassinato já acontece no começo e já sabemos a identidade do assassino. A agonia fica em torno de esconder o corpo durante uma festa. Apesar do James Stewart ter reclamado do filme por ter se considerado subaproveitado, eu ainda acho o roteiro inteligentíssimo e um dos suspenses mais genialmente simples que eu já assisti.
Muito antes de Garota Exemplar (2014), Hitchock já retratou problemas conjugais que iriam longe demais. O ex-jogador de tênis Tony Wendice (Ray Milland) decide se aposentar para se dedicar ao seu casamento com Margot Mary Wendice (Grace Kelly). Isso é o que ele quer que a gente acredite, mas logo descobrimos que o plano, na verdade, é assassinar a sua esposa e herdar toda a grana dela. Outros elementos da trama são corrupção policial, chantagens em torno de cartas trocadas entre Margot e um ex-amante e um crime que dá muito errado.
Se essa fosse uma escala de elegância, Ladrão de casaca certamente estaria no topo. Junte Grace Kelly, Cary Grant, Riviera Francesa e uma história que envolve um ladrão de joias e faça as contas. Na trama, John Robie (Grant) é um ex-ladrão de joias que ajuda a investigar novos casos deste tipo de roubo – e provar que ele não é o autor desta vez. A produção pega um pouco mais leve no suspense e é quase considerada um romance mesmo, mas é claro que Hitchcock não nos deixaria livres das reviravoltas e da desconfiança de todos os personagens em cena.
Título: Hitchcock / Truffaut : entrevistas
Autores: François Truffaut, Helen Scott
Tradução: Rosa Freire Aguiar
Páginas: 368
Editora: Companhia das Letras
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Durante as décadas de 50 e 60, quando François Truffaut idealizou e realizou a série de entrevistas que resultariam neste livro, Alfred Hitchcock (1899-1980) era visto – sobretudo nos Estados Unidos – como um cineasta mediano e comercial. No entanto, para Truffaut – e para os jovens diretores e críticos franceses da revista Cahiers du Cinéma -, Hitchcock estava entre os maiores cineastas de todos os tempos, ao lado de nomes como Jean Renoir, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luis Buñuel. Com o objetivo de modificar a opinião dos críticos americanos – e com o imperioso desejo de “consultar o Oráculo” -, Truffaut propôs ao diretor inglês que respondesse quinhentas perguntas sobre sua obra e carreira. Nesta extensa conversa, Hitchcock comenta detalhadamente sua produção, desde os primeiros filmes mudos feitos na Inglaterra até os coloridos e sonoros de Hollywood, falando sobre a concepção de cada obra, a elaboração do roteiro, as circunstâncias, as inovações e os problemas técnicos, a relação com os atores. O diálogo entre os dois diretores permite ao leitor acompanhar não apenas a evolução da obra do cineasta inglês, mas a própria história do cinema. Lançada em 1967, a primeira edição de Hitchcock/Truffaut contemplava a produção de Hitchcock até Cortina rasgada, seu qüinquagésimo filme. Para a edição definitiva, de 1983, Truffaut acrescentou um capítulo com os últimos anos e filmes do cineasta – feito com base na correspondência trocada entre eles. Hitchcock/Truffaut foi publicado pela primeira vez no Brasil nos anos 80, e logo passou a ser disputado em sebos e bibliotecas. Com nova tradução e projeto gráfico, centenas de imagens e um prefácio inédito do crítico e professor Ismail Xavier, a presente edição é um documento único da história do cinema.
Jornalista em Blumenau, desde os 15 anos se aventura pela blogosfera. Cinéfila desde a sua primeira VHS da Disney, escreve sobre o tema há nove anos. Descobriu a paixão pela literatura com romances policiais, mas hoje lê um pouco de tudo – principalmente tudo aquilo que vai parar nas telonas.
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Adorei seu texto, Luciana, e concordo contigo que estes são filmes imperdíveis do Mestre. Quanto mais assistimos, mais gostamos. Você já assistiu o filme preferido do Hitch, A Dama Oculta? É fantástico, também colocaria nesta lista, porque não é tão falado mas perdemos o fôlego assistindo, além de envolver um trem, o que melhora tudo! Um abração e obrigada pelo texto.
Oi Adriana! Que bom que gostou do texto! :D Confesso que ainda não assisti A Dama Oculta, mas fiquei com muito mais vontade de assistir. Tenho certeza de que também é fantástico! O problema de fazer listas é que sempre fica alguém de fora, né? Esses cinco foram os que mais me marcaram até hoje, mas sempre tem espaço pra mais clássicos ;)
Verdade, não quis dizer que a sua lista está incompleta, é que eu também não conhecia A Dama Oculta, não é tão conhecido. Um que Hitchcock amava também é A Sombra de uma Dúvida. Li numa entrevista que os preferidos dele eram aqueles onde a gente nunca sabe se o culpado é mocinho ou bandido. Amo! Abçs e obrigada!
Destes já vi Janela Indiscreta, um filme sensacional. Tão diferente e peculiar, como ele conseguiu fazer tanto com poucos personagens e pouco cenário. Vou buscar os outros!
Oi Luciana!
Adoro Hitchcock e por incrível que pareça nunca assisti o lendário Intriga Internacional.
Dos outros filmes que você citou, "Disque M para matar", "Festim Diabólico" (que agonia quando começam a tirar as coisas de cima daquele baú!) e "Janela Indiscreta" também estão entre os meus favoritos, mas eu ainda incluiria nessa lista "Um Corpo que Cai", meu queridinho do diretor ;)
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com