Em 1922, um jovem casal caminhando por uma estrada de terra em New Brunswick, New Jersey, encontrou duas pessoas deitadas sob uma macieira. O homem e a mulher pareciam estar dormindo, mas estavam completamente imóveis; eles não se mexeram mesmo quando o jovem casal se aproximou deles.
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O homem estava vestido com terno cinza escuro, gravata branca e chapéu panamá. A mulher usava um vestido azul de bolinhas. Suas cabeças repousavam sobre os ombros um do outro. Ao se aproximarem deles, viram que ambos estavam mortos.
As vítimas eram o Reverendo Edward Hall e uma corista da congregação, a Sra. Eleanor Mills. Uma carta de amor encontrada ao redor dos corpos confirmou que eles eram amantes.
O reverendo Edward Hall e a sra. Eleanor Mills
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O Reverendo foi baleado à queima-roupa na cabeça, enquanto a Sra. Eleanor foi baleada três vezes também na cabeça; estes crimes aconteceram na fazenda Philips, que acabou se tornando uma atração turística.
Embora a polícia considerasse possível que sua esposa traída e dois de seus irmãos fossem responsáveis pelo crime, eles não reuniram provas suficientes para apontar qualquer culpado. O caso foi esquecido até reaparecer em uma história sensacionalista em um tabloide.
Buscando aumentar a circulação, o New York Daily Mirror lembrou o caso com a manchete “Mistério de Halls-Mills revelado” em julho de 1926. Os editores do jornal seguiram com outras capas durante os próximos dias: “O Suborno Revelado de Hall” e “Forças Secretas Impediram a Justiça pelo Homicídio de Hall”.
Os jornais esgotaram imediatamente. Na fazenda onde ocorreu o crime, vendedores lucravam vendendo amendoins, refrigerantes e balões nos fins de semana. Amostras da terra onde os corpos tinham sido encontrados também eram vendidas em saquinhos.
Após um protesto público, a polícia reabriu a investigação e prendeu dois dos irmãos da Sra. Hall. O caso ficou conhecido como o “Julgamento do Século”, com cobertura até mesmo no New York Times. A Sra. Hall foi apelidada de “A Viúva de Ferro”.
Capa do jornal The Sunday Times
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Os assassinatos de Hall-Mills foram tema de reportagens diárias dos jornais durante três semanas, durante as quais pessoas famosas como o evangelista Billy Sunday e a romancista Mary Roberts Rinehart compareceram.
No entanto, no final, a apresentação de um caso fraco pela acusação e o testemunho de uma testemunha duvidosa levaram a uma absolvição para os réus. O caso permanece sem solução até hoje.
A história inspirou o filme Sede de Escândalo, de 1931. Para quem se interessou pela história, ela está no livro Anatomia True Crime dos Filmes, de Harold Schechter.
(A Sra Hall, viúva do reverendo, e seus irmãos)
DICA DE LEITURA
Título: Anatomia True Crime dos Filmes
Autor: Harold Schechter
Tradução: Eduardo Alves
Páginas: 416
Editora: Darkside Books
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SINOPSE – As chocantes histórias reais por trás dos crimes mais memoráveis do cinema O que filmes tão diferentes entre si, como Pacto de Sangue, de Billy Wilder, Perseguidor Implacável, de Don Siegel, e Alpha Dog, de Nick Cassavetes, têm em comum? Todos eles foram inspirados por histórias verídicas. Em Anatomia True Crime dos Filmes, nova obra da marca Crime Scene, o historiador Harold Schechter ― autor de Anatomia do Mal ― perfila psicopatas, assassinos em série, gângsteres, sádicos, linchadores e jovens atiradores de escolas que chocaram o mundo e influenciaram obras clássicas do cinema mundial. Os assassinos em Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock; os crimes passionais da Era do Jazz em Chicago, de Rob Marshall; o terrível matador de crianças, no clássico alemão M – O Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang; os horrores escolares cometidos pelo serial killer ghostface em Pânico, de Wes Craven, e pelos terroristas adolescentes em Elefante, de Gus Van Sant. Esses e outros crimes cinematográficos se tornaram parte da história da cultura pop. E cada um encontrou inspiração em acontecimentos reais que forneceram a matéria-prima para alguns dos maiores sucessos de bilheteria, bem como filmes independentes, comédias macabras, clássicos de Hollywood e de horror gore. Anatomia True Crime dos Filmes ajuda a contextualizar o fascínio que o casal Bonnie e Clyde, os ladrões de corpos Burke e Hare, a dupla Leopold e Loeb, e o psicopata Ed Gein, entre muitos outros, exerceram para se fixar na imaginação do público e se tornar uma fértil fonte de inspiração para a tradição cinematográfica. A obra também destrincha a realidade por trás de obras consagradas como Psicose, de Hitchcock; Assassinato no Expresso Oriente, de Sidney Lumet; O Fugitivo, de Andrew Davis; e Anatomia de um Crime, de Otto Preminger. A qualidade da pesquisa e da escrita de Harold Schechter já é conhecida pelos darksiders, por conta dos best-sellers Serial Killers: Anatomia do Mal, H.H. Holmes: Maligno ― O Psicopata da Cidade Branca, Lady Killers Profile: Belle Gunness e, mais recentemente, pelo roteiro da graphic novel Ed Gein, ilustrada por Eric Powell. Nesta coleção de artigos reveladores, Schechter faz uma viagem fascinante por uma encruzilhada de fatos e ficção em que ele revela que algumas histórias reais são mais chocantes e fantásticas do que poderia sonhar o roteirista mais imaginativo. A Caveira os convida a essa macabra sessão de cinema.
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]