Por Ana Paula Laux – O ano novo começa com o surgimento de uma nova editora, dedicada especialmente à literatura moderna nacional. Idealizada pela escritora Cláudia Lemes, a Rocket Editorial vai priorizar publicações de suspense, horror, ficção científica, policial, fantasia, eróticos, romances históricos, de época e chick-lit.
Apesar de ainda estar engatinhando, a Rocket já chamou a atenção dos leitores nas redes sociais e firmou parcerias com blogs literários para 2021, prometendo investir em histórias que irão cativar o leitor.
Confira abaixo a entrevista do Literatura Policial com Cláudia Lemes, escritora e publisher da Rocket Editorial, sobre as expectativas da nova editora e o que esperar também do mercado editorial em 2021.
1. Como nasceu a ideia de criar uma editora? Qual as dificuldades que você enfrentou (e está enfrentando) para conseguir colocar essa ideia em prática?
Trabalho com editoração há um bom tempo, então abrir a Rocket era uma ideia que dançava na minha cabeça há anos. Em 2020 eu praticamente fui forçada a avaliar minha carreira no mercado editorial e tomar as melhores decisões, e me afastar da carreira de autora pareceu um passo lógico. A Rocket nasceu da minha vontade de trabalhar nos bastidores e publicar os livros corajosos, criativos e disruptivos que o mercado mainstream ignora. Sinto que a maior dificuldade ainda é construir uma base de seguidores orgânicos realmente interessados no trabalho da editora, mas neste nosso primeiro mês de vida já estamos sentindo o apoio da comunidade leitora.
2. A Rocket Editorial vai priorizar algum gênero literário para publicação? Se sim, qual (quais)?
A Rocket, por hora, tem intenção de trabalhar com literatura de horror, ficção científica, policial, suspense, fantasia, eróticos, romances históricos, de época e chick-lit. No futuro, pretendemos publicar também não-ficção.
Nossa principal linha editorial será de literatura moderna nacional. Nosso critério é que as histórias sejam criativas, ousadas, bem-escritas e que abracem os gêneros aos quais pertencem.
3. No site da Rocket, vocês dizem que pretendem resgatar livros esquecidos e dar espaço a autores nacionais. Qual vai ser o critério para a escolha dos livros esquecidos (foras de catálogo, inéditos no Brasil)? E para autores nacionais?
Já encontramos alguns livros inéditos no Brasil que têm grande significado dentro de certos nichos. Não temos um critério definido para o resgate desses livros, mas nosso olhar está voltado para tudo que quebrou regras e encantou o público. Nossa principal linha editorial, no entanto, será de literatura moderna nacional. Nosso critério é que as histórias sejam criativas, ousadas, bem-escritas e que abracem os gêneros aos quais pertencem. Queremos publicar livros para quem ama ler, e embora a leitura confortável e o design sejam importantes para nós, vamos sempre colocar a história acima de tudo.
4. Além de publicações, que outros serviços a Rocket Editorial irá oferecer? Vocês já estão recebendo originais?
A Rocket trabalhará com 3 formas de publicação: a tradicional, na qual a editora investe na obra, cuida de todo o processo editorial e seus custos; a publicação paga, onde, depois de passar por uma seleção, o autor interessado e a editora alinham suas expectativas e o autor, esclarecido e ciente, arca com os custos de publicação; e uma forma inédita e híbrida, que a editora ainda está desenhando, onde ela e o autor trabalham na publicação como sócios. Independente da forma de publicação, todos os livros lançados pela Rocket estarão alinhados com os nossos padrões de qualidade e passarão por um dedicado processo de edição. Já estamos recebendo originais na aba Serviços do nosso site, para autores que têm o perfil para publicação paga, e nossa chamada para originais para publicação tradicional será lançada no começo do ano que vem.
5. Qual é a importância das redes sociais para a divulgação da editora?
As redes sociais, em especial o Instagram e nossa newsletter, são nossa principal base de comunicação com o público leitor. Procuramos gerar conteúdo divertido e informativo e manter um diálogo transparente e amigável com os nossos seguidores. Estamos crescendo exponencialmente e organicamente, o que nos deixa muito felizes e garante melhor alcance.
“A Rocket nasceu da minha vontade de trabalhar nos bastidores e publicar os livros corajosos, criativos e disruptivos que o mercado mainstream ignora.”
6. Como você enxerga o mercado editorial em 2021, ainda enfrentando a epidemia do novo coronavírus e com a possibilidade de os livros estarem novamente sujeitos à tributação pelo Estado?
Precisamos ter fé no mercado editorial. Apesar de estarmos num país onde a leitura nunca foi incentivada pelo governo da forma como poderia ter sido, o amor pelos livros tem crescido como flores no asfalto. Hoje, os verdadeiros formadores de leitores no Brasil são os blogueiros literários, trabalho que deveria caber às escolas, prefeituras, livrarias e editoras. Mesmo com tantas dificuldades, o povo brasileiro lê cada vez mais, por prazer. Não há como retroceder, principalmente com a tecnologia como aliada. Encontraremos um jeito. A Rocket acredita que o livro é o futuro.
7. Você também é uma autora de sucesso, com um grupo de fãs que prestigiam muito seu trabalho. Tem planos para continuar escrevendo ou vai se dedicar exclusivamente à editora no próximo ano?
Estou dando um hiato na minha carreira, por puro burnout. Acho importante ser sincera com o meu público em relação aos motivos, muitas vezes romantizados, que me levaram a tomar essa decisão. A Rocket deverá ser minha ocupação principal nos próximos anos. Por sorte, a editora AVEC abraçou a tarefa de publicar meu próximo romance, Quando os Mortos Falam, e outros projetos engavetados, enquanto eu me dedico à nova fase no mercado editorial.
(Imagem: Cláudia Lemes/Rocket Editorial)
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: [email protected]