RETROSPECTIVA – A safra de 2015 não foi tão farta, mas teve frutos memoráveis. Houve boas estreias, grandes retornos e a certeza de que histórias de crime e suspense resistem a dificuldades econômicas, terremotos políticos e baixo astral. Foi um ano difícil para o mercado editorial e para a literatura de uma forma geral. Mas como dizia o tenaz Nietzsche, aquilo que não nos mata, nos torna mais fortes. Sigamos firmes para 2016!
É um erro pensar que a literatura policial brasileira está toda concentrada no centro-sul do país. Livros e autores surgem em todas as regiões, e “Pssica” é o exemplo mais bem acabado do ano. Vem do Pará, de um autor mais celebrado na França que em terras nacionais e sequer tem 100 páginas! Deixe tudo isso de lado e mergulhe no universo insalubre, perverso e vertiginoso que Edyr Augusto nos apresenta. Tráfico de mulheres brancas, pedofilia, pirataria em rios, tiros, mutilações, drogas e a realidade gritante que insistimos em ignorar. Destaque para o estilo telegráfico e contundente desse escritor maduro e consolidado. Leia a resenha
Marcos Peres chamou a atenção dos leitores e da crítica logo com o primeiro livro. “O evangelho segundo Hitler” ganhou o Prêmio SESC de Literatura de 2012/2013 e o Prêmio São Paulo de Literatura em 2014, e logo veio o segundo livro, um romance policial nada convencional ambientado em Curitiba. Em “Que fim levou Juliana Klein”, Peres mescla diálogos bem elaborados, trama requintada e um mistério nebuloso conectando duas famílias acadêmicas rivais. O detetive da vez é o delegado Irineu de Freitas. Leia a resenha
Romance policial de estreia do jornalista Victor Bonini, “Colega de Quarto” nos apresenta o advogado-detetive Conrado Bardelli, um homem farto das causas de divórcio e que encara a inusitada investigação de um colega de quarto invisível. Na teia de possibilidades apresentadas, Bonini trabalha com uma cadeia de personagens levemente ambíguos e dá especial atenção aos detalhes, uma dica que fará diferença para os leitores mais atentos. Leia a resenha
Existem personagens que amamos odiar. É o caso do detetive Andrade, apresentado nesse romance de estreia de Fernando Perdigão. Sujeito truculento, racista, homofóbico e preconceituoso, ele desfila olimpicamente pelas ruas do Rio de Janeiro com a comissária Lurdes a tiracolo. Quer limpar a cidade da escória, e o assassinato de um empresário do turismo gay que se envolveu com um embaixador também gay é uma ótima oportunidade. Destaque para os diálogos muitíssimo bem escritos e pelo humor que nos faz rir envergonhadamente. Leia a resenha
Um thriller de espionagem bem construído e com diálogos dinâmicos é o livro de estreia de Vivianne Geber. Em “Missão Pré-Sal 2025”, o protagonista é o oficial Rodrigo Ruppel, um comandante da Marinha escolhido para viajar até Londres e recuperar um importante projeto roubado das forças armadas. Vivianne tem autoridade para escrever sobre o tema que escolheu, já que é militar há 17 anos e presta assessoria jurídica para a Marinha do Brasil. Leia a resenha
Viciante é um bom adjetivo para “A Garota no Trem”, o thriller de suspense mega comentado de Paula Hawkins e lançado no Brasil pela Editora Record. A trama tem um verniz hitchcockiano e é narrada por três mulheres em tempos distintos. O modo como Paula Hawkins conecta os capítulos e literalmente sequestra o leitor é o ponto forte do livro. Com uma premissa aparentemente simples e nem tão original, ela criou um véu de suspense e imprimiu um ritmo progressivo e alucinante à leitura, deixando qualquer um ansioso pra chegar no final. Leia a resenha
Quantos romances policiais você já leu sobre a África ou tendo aquele continente como cenário? Não precisa responder. Você precisa é conhecer a África do Sul ao lado dos detetives Ali Neuman e Brian Epkeen, que investigam uma série de assassinatos de mulheres brancas em meio à chegada ao mercado de uma nova droga sintética. Junte a isso disputas tribais inacabadas, feridas não cicatrizadas da segregação racial e um país que quer provar ao mundo que pode sediar o maior evento esportivo do planeta, a Copa do Mundo de Futebol. Leia a resenha
Quando anunciaram que o criador da série televisiva True Detective publicaria seu romance de estreia, houve grande expectativa. E ela não foi frustrada. Nic Pizzolatto nos dá uma carona ao lado de um personagem talhado a se ferrar. Diagnosticado com câncer terminal, marcado para morrer por gângsteres e tendo “roubado” uma testemunha-chave de outros crimes, ele não se dá por vencido. É um típico noir, com brutalidade e rispidez. Seguimos com Roy Cady até o litoral do Texas e ninguém perde a viagem… Leia a resenha
Mario Conde está de volta, mas como já nos confidenciou seu criador, não se trata de mais uma aventura de Mario Conde, mas COM Mario Conde. Neste monumental trabalho, Leonardo Padura oferece ao leitor novela policial, romance histórico e crítica social. Faz com que sigamos as pistas de um quadro de Rembrandt de 350 anos e desaparecido em Cuba para encontrarmos sentidos para a palavra liberdade. Não é qualquer coisa… Para mentes curiosas e corações abertos. Leia a resenha
Certamente o lançamento mais comentado do ano, “A garota na teia de aranha” é a sequência da popularíssima série Millennium. Criada pelo sueco Stieg Larsson, morto em 2004 antes de ver o primeiro livro lançado, o volume 4 foi igualmente escrito por um jornalista sueco, dessa vez David Lagercrantz. Com a retomada da série, antigos admiradores puderam reencontrar o “universo Millennium” e novos leitores foram apresentados ao mundo de Lisbeth Salander, uma das heroínas mais amadas da literatura. Leia as resenhas que publicamos para este livro: 1 e 2
Jornalista. Trabalha com curadoria de informação, gestão de mídias sociais e criação de conteúdo digital. Em 2014, lançou o e-book “Os Maiores Detetives do Mundo” (Chris Lauxx). Contato: analaux@gmail.com
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Faltou um Rubem Fonseca na lista de Nacionais, e James Ellroy nos estrangeiros!
Que títulos, meu caro? Ambos de 2015? Ambos policiais? Diga aí!
Oi pessoal!
Destes, o único que eu li foi "Galveston". É realmente um livro fantástico! Estou esperando ansiosa por novos livros do Pizzolatto.
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com
Oi Mari! O livro é muito bom mesmo, o Pizzolatto sabe o que faz. Beijos! :)
Ai ainda não li nenhum da lista, mas alguns estão na lista de desejados :)
Escolha de mestres. Ano fracote, os autores nacionais salvaram a safra, que em Portugal foi melhor. A verdade é que comprar livros é coisa para fanáticos.
Listas valem o que valem, mas não podia deixar passar "Peter Pan tem de Morrer" de John Verdon, "Irene" de Pierre Lemaitre, Maré Viva de Cilla e Rolf Börjling, e porque não O Projeto Ascendant de Drew Chapman, ou até mesmo Sangue na Neve de Jo Nesbo, nos estrangeiros. Abraço
Boas dicas! Li Sangue na Neve semana passada, achei muito bom e dá até pra imaginar algumas cenas no cinema. Parece que será adaptado em breve né? Abraço!
Sim muito interessante o Sangue na Neve com várias nuances onde o sonho e a realidade se cruzam... Se conseguir ler o Irene aconselho-o vivamente até porque o detetive é baixo (uma espécie de anti-herói) e o assassino em série retrata cada um dos crimes como os de alguns livros de policial negro como a Dália Negra etc... e tem um fim ... fora de controlo mesmo. Abraço.
Dos lançados no Brasil no ano passado, "Irene", que você citou, Ricardo, foi meu favorito. Já resenhamos o livro por aqui: https://literaturapolicial.com/2015/09/28/irene-de-pierre-lemaitre/
Abraços!
A garota na teia da aranha é muito bom, mais antes eu aconselho ler os livros anteriores.