Em O Casamento, Victor Bonini resgata o melhor das histórias de detetive

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Por Ana Paula Laux – Se você procura por um romance policial que vai te tirar o fôlego, O Casamento (Faro Editorial), de Victor Bonini, promete cumprir plenamente esta função. O livro é a segunda incursão do investigador particular e advogado Conrado Bardelli no mundo dos detetives da ficção – o primeiro caso aconteceu em Colega de Quarto, suspense de 2015 também publicado pela Faro Editorial.

 

 

Desta vez, Bardelli investiga um homicídio no casamento da filha de um amigo, num caso sem pistas aparentes e que se mantém misterioso até as últimas páginas. Bonini constrói a narrativa no melhor estilo dos romances de Agatha Christie, lançando suspeitas sob todos os convidados, criando conflitos paralelos e surpreendendo com um final inesperado. Será muito difícil adivinhar o famoso “quem matou?” nessa história.

…só se dera conta da lâmina que lhe cortava a carne quando, cega pela dor, perdia a consciência. Haviam tampado sua boca, e seus gemidos acabaram sendo encobertos pelas músicas do rádio.”

 

As tramas paralelas acabam encorpando a história de O Casamento, num recheio que pode distrair um pouco a atenção do leitor para o prato principal. Bardelli, o detetive barbudo que relacionei fisicamente no primeiro livro de Bonini com o escritor Ernest Hemingway, agora também ganhou ares de Bill Hodges, o detetive criado por Stephen King na sua trilogia policial (que é interpretado na TV por Brendan Gleeson). Um homem aparentemente enfraquecido pela asma, mas persistente na vontade de descobrir a verdade. Não é brilhante ao ponto de ser sobrehumano como um Sherlock Holmes ou um Poirot, e por isso mesmo convence, crível pela fragilidade e uma parcela honesta de bom humor.

 

Uma das coisas mais difíceis em um romance whodunnit, aquele onde se tenta descobrir o culpado no final, é costurar satisfatoriamente as pontas soltas pelo caminho, as várias pistas falsas, as falas subjetivas. O quebra-cabeça pode até parecer fácil de ser montado, mas os encaixes são tantos que, no fim das contas, os capítulos pedem uma precisão cirúrgica, pois é essa precisão que o leitor de whodunnits procura, e é a partir dela também que avalia a história.

Victor Bonini consegue um ótimo resultado em O Casamento, deixando um quê de perplexidade no ar quando é revelada, enfim, a solução para o mistério que preenche as 368 páginas do livro. No final, a pergunta que fica é singular: há limites para a maldade do ser humano?

* Livro cedido ao Literatura Policial pela Faro Editorial.

 

Título: O Casamento
Autor: Victor Bonini
Editora: Faro Editorial
Páginas: 368
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SINOPSE – Para os noivos é o dia mais importante de suas vidas. Meses atrás, os amigos diriam que o namoro de Plínio e Diana tinha prazo de validade. Eles se conheceram de um jeito bizarro, pensam completamente diferente e nenhuma das famílias aprova o relacionamento. Mas eles resistiram a tudo. E agora vão se casar. Para o detetive é a melhor chance de pegar um criminoso. O mais íntegro dos convidados esconde um segredo devastador. Mas alguém sabe e está disposto a espremê-lo com chantagens. É então que o detetive Conrado Bardelli se hospeda no hotel-fazenda onde ocorrerá o casamento. Ele precisa descobrir o lobo entre as ovelhas. E rápido. Pois, a cada nova ameaça, o chantagista eleva o tom e falta pouco para a bomba explodir. O casal está pronto para o sim. A noiva se prepara para caminhar pelo tapete vermelho. Até que alguém diz: não saia do carro! Enquanto a plateia espera ansiosa em frente ao altar, algo brutal acontece na antessala. Só quando veem as paredes lavadas com sangue é que os convidados se rendem ao desespero. Começa uma confusão para interromper a marcha nupcial e chamar a polícia. Ninguém sabe o que fazer. E Bardelli, que lidava com um caso de extorsão, descobre que se meteu em algo muito pior. Agora, ele é o único capaz de encontrar respostas. O problema é que as mortes não param de acontecer…

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