A Boa Filha, de Karin Slaughter, é uma aula para aprender o valor da escrita

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Por Raquel de Mattos – E chegou a vez de mais um livro dessa autora sensacional, que conquistou meu coração. Cheio de violência, com descrições realistas e com muito sangue, Karin ocupa hoje um lugar ao lado de Agatha Christie (eterna!).

A Karin é uma autora que tem um diferencial na construção das suas narrativas, em especial dos seus personagens. Eles são feitos de uma forma que o leitor consegue perceber que são parte da ficção, mas ao mesmo tempo não tem como passar impune, não tomar um lado ou não se apaixonar por um deles (como é o caso do detetive Will Trent, que protagoniza outras histórias dela).

É uma característica rara de se ver na literatura de ficção atual, pois muitos autores querem, de toda forma, passar um personagem real demais e que acaba nos soando não-crível. Acho que é por isso que a leitura flui.

 

Até hoje não conheci ninguém que tivesse lido uma história dela e não tivesse gostado; por mais que você não curta o gênero, pode reconhecer o valor da escrita ali presente. É uma aula para quem quer aprender.

 

Mas, voltando ao livro, o mais interessante é que é uma história sobre família, perdão, recomeços. Mesmo com tanto massacre (trocadilho com o sobrenome Slaughter, em inglês significa massacre), o tema familiar é tratado com tanta direção, que conseguimos ver nossa própria família descrita em algum momento do livro. Na verdade, ela consegue escrever qualquer história bem.

De todos os que eu já li dela (leia as resenhas de Flores Partidas e de Gênese aqui no blog), nenhum me decepcionou. Ela conseguiu me envolver com tal força, que eu me vi querendo terminar logo o livro pra saber o final e ao mesmo tempo querendo que ele não acabasse, para ter mais daquela experiência.

Em A Boa Filha, vamos conhecer a história das irmãs Charlotte (Charlie) e Samantha (Sam) começando na adolescência de ambas em 1989, com o assassinato da mãe na frente das duas e muitos outros dramas agregados. Vinte e oito anos depois, outra cena de violência, com a presença de Charlie, vai fazer com que coisas guardadas há quase três décadas, venham à tona perturbar a paz de todo mundo, de novo.

Como disse, os personagens são muito bem construídos, com camadas profundas de histórias e problemas, que vão se revelando conforme lemos. Não dá tempo de conjecturarmos o que pode ter acontecido, pois há sempre uma reviravolta tirando nosso foco dali. E ela faz isso com uma leveza, que nem parece que estamos lendo sobre assassinatos. O final me deu um soco no estômago. É de tirar o fôlego!

Em breve quero ler os outros livros dela disponíveis no Brasil, pois ainda não consegui achar uma outra autora tão incisiva no que faz quanto ela.

 

 

SOBRE O LIVRO

Título: A Boa Filha
Autora: Karin Slaughter
Editora: Harper Collins
Páginas: 464
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SINOPSE – Quando eram adolescentes, a vida tranquila de Charlotte e Samantha Quinn foi destruída por um terrível ataque em sua casa. Sua mãe foi assassinada. Seu pai – um famoso advogado de defesa de Pikeville, Geórgia – ficou arrasado. E a família foi dividida por anos, para além de qualquer conserto, consumida pelos segredos daquela noite terrível. Vinte e oito anos depois, Charlie seguiu os passos de Rusty, seu pai, e se tornou advogada – mas está determinada a ser diferente dele. Quando outro caso de violência assombra Pikeville, Charlie acaba embarcando em um pesadelo que a obriga a olhar para trás e reviver o passado. Além de ser a primeira testemunha a chegar na cena, o caso também revela as memórias que ela passou tanto tempo tentando esconder. Agora, a verdade chocante sobre o crime que destruiu sua família há quase trinta anos não poderá mais permanecer enterrada e Charlotte precisa se reencontrar com Samantha, não apenas para lidar com o crime, mas também com o trauma vivido.

 

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